Folha de S. Paulo


Poupança tem captação líquida recorde em junho, de R$ 9,45 bilhões

Os depósitos em poupança superaram os saques em R$ 9,451 bilhões em junho, recorde histórico considerando a série calculada pelo Banco Central desde 1995. Foi o 16º mês seguido de captação líquida (diferença entre depósitos e saques).

Até então, o maior volume tinha sido registrado em dezembro do ano passado, de R$ 9,205 bilhões. Apenas no último dia útil de junho, a captação líquida foi de R$ 3,105 bilhões.

O ingresso líquido de recursos no semestre é de R$ 28,273 bilhões --também recorde histórico para o período. Na primeira metade de 2012, esse cifra estava em R$ 15,485 bilhões.

Nesses 16 meses sem resgates líquidos, o montante acumulado na caderneta é de R$ 78,408 bilhões.

Considerando o rendimento de R$ 2,346 bilhões no período, o patrimônio total da poupança subiu a R$ 538,446 bilhões no mês passado.

Os bancos que aplicam recursos da caderneta em crédito imobiliário mostraram captação líquida de R$ 6,711 bilhões no mês passado, enquanto as instituições que destinam os recursos para o crédito rural registram ingresso líquido de R$ 2,739 bilhões.

Em maio do ano passado, o governo alterou o rendimento da caderneta de poupança. Os recursos aplicados a partir de 4 de maio de 2012 rendem o equivalente a 70% da Selic (juro básico) mais a TR (Taxa Referencial, atualmente zerada). Se a Selic for acima de 8,5% ao ano, é retomada a remuneração de 0,5% ao mês mais TR --que, com o juro básico acima de 8,5% ao ano, também deve subir.

Depósitos anteriores a 4 de maio de 2012, ou novas aplicações com Selic for maior que 8,5%, seguem a regra antiga: remuneração 6,17% ao ano mais a TR.

A mudança da norma foi feita para que outras aplicações em renda fixa não perdessem atratividade em função da queda do juro básico.

PREFERÊNCIA

A principal vantagem da poupança é a isenção de Impostos de Renda, cuja alíquota varia de 15% a 22,5% sobre o rendimento dos fundos conforme o prazo de resgate.

Segundo levantamento da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), a nova poupança, com rentabilidade de 0,45% ao mês, paga mais, descontados taxas e impostos, que todos os fundos de renda fixa com taxa de administração a partir de 2% ao ano, independentemente do prazo para resgate dos recursos.

Editoria de Arte/Folhapress

Já para os fundos que cobram 1,5% ao ano de taxa, a poupança nova só perde quando o resgate pode ser feito a partir de dois anos.

Os fundos com taxa de administração de 1% só compensam com resgate após seis meses. Somente produtos que cobram 0,50% ao ano --normalmente, em aplicações acima de R$ 50 mil-- sempre vencem da poupança.

Considerando a poupança antiga, a caderneta só perde para os fundos com taxa de administração de 0,50% ao ano e resgate acima de dois anos.

Na avaliação da consultora financeira Marcia Dessen, a poupança fica mais atrativa com a perspectiva de que o juro básico deverá subir mais em 2013, já que o rendimento da caderneta é atrelado à taxa. Isso porque a aplicação na poupança é isenta de impostos, não cobra taxas e permite o saque do valor investido a qualquer momento.

Economistas consultados pela reportagem apostam em continuidade do aumento do juro básico, para conter a inflação, e acreditam que a Selic deva superar os 8,5% em agosto --o que levaria a poupança para a regra antiga.

"Vemos uma alta de 0,50 ponto percentual na próxima reunião [do Banco Central, no dia 10], outra de 0,50 ponto em agosto e mais uma de 0,25 ponto percentual antes de terminar o ano, até 9,25% ao ano", afirmou André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

Com Valor


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