Folha de S. Paulo


Executivo da Azul pretende criar 'nova Varig'

Com a TAM integrada a uma companhia chilena e a Gol sem demonstrar apetite para avançar no mercado internacional de longo curso, o sonho de David Neeleman é transformar a Azul na empresa brasileira de bandeira, no espaço que já foi da Varig.

A integração das operações de Azul, JetBlue e TAP permitiria ao Brasil ter ligações diretas com EUA, América Central, Europa e África.

Governo e dono da Azul querem comprar aéreas TAP e JetBlue

A TAP é a empresa europeia com mais voos para a África, continente considerado estratégico para o Brasil. Também agrada ao governo brasileiro o fato de a TAP ter uma presença descentralizada dentro do Brasil, com voos para nove cidades, de Porto Alegre a Fortaleza.

Já a JetBlue tem ampliado sua presença na América Central e, em novembro, avança mais ao sul, com a inauguração de um voo de Fort Lauderdale, na Flórida, para Lima, no Peru.

Dentro desse plano, a Azul poderia levar passageiros de diversas cidades do Brasil para um ponto na América Central, como em Porto Rico, e dali fazer conexão com os voos da JetBlue para os EUA.

David Neeleman não está só na disputa pela TAP. O grupo Synergy -dono da Avianca e único que fez proposta para comprar a companhia no ano passado, mas que acabou rejeitada pelo governo português na última hora- também tem interesse.

"Quando o governo português decidir abrir a concorrência novamente, nós vamos olhar", afirmou José Efromovich, presidente da Avianca Brasil.

RISCO

O grande risco do plano de Neeleman é que a operação afete a abertura de capital da Azul nas Bolsas de Nova York e São Paulo. A operação estava prevista para julho, mas foi adiada.
Embora a Azul não faça parte do fundo que faria ofertas pela TAP e pela JetBlue, Neeleman é o seu principal acionista.

"Adiamos a abertura de capital por causa do câmbio e da realidade do mercado. A Azul está crescendo bastante e tem potencial para valer mais do que a JetBlue", afirmou Neeleman.

A compra da JetBlue é um sonho antigo de Neeleman, que nunca digeriu o fato de ter sido demitido do comando da empresa que criou.

Ele perdeu o cargo após divergências com o conselho de administração sobre como lidar com os efeitos de uma forte tempestade que paralisou as operações da companhia, em 2007.

(MARIANA BARBOSA E JULIO WIZIACK)


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