Nos últimos minutos de negociações desta segunda-feira (17), o Banco Central voltou a atuar no mercado de câmbio para reduzir a cotação da moeda, que mesmo assim fechou em seu maior patamar em mais de quatro anos.
Às 16h30 (horário de Brasília), o BC anunciou um leilão de swap cambial tradicional --que equivale a venda de dólares no mercado futuro. Pouco antes, às 16h12, a moeda havia atingido R$ 2,178 no mercado à vista --alta de 1,8% em relação ao fechamento anterior.
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A autoridade monetária colocou à venda 40 mil contratos com vencimentos em 1º de agosto e 2 de setembro de 2013. Desse total, 39 mil contratos foram vendidos, pelo valor de US$ 1,96 bilhão.
A operação amenizou a alta da moeda americana, mas não foi suficiente para mudar sua tendência para queda.
O dólar à vista --referência para as negociações no mercado financeiro-- fechou o dia com valorização de 0,98%, cotado em R$ 2,161 na venda --maior valor desde 1º de maio de 2009, quando estava em R$ 2,174.
Já o dólar comercial --utilizado no comércio exterior-- fechou esta segunda-feira em alta de 0,83%, para R$ 2,166.
Na semana passada, o BC promoveu quatro intervenções do mesmo tipo no mercado de câmbio, todas quando a moeda ultrapassou R$ 2,15.
Nesta segunda-feira, operadores ouvidos pela Folha já haviam antecipado que o mercado deveria forçar a alta do dólar (comprando volumes maiores) para testar o novo nível em que a autoridade voltaria a intervir no câmbio.
"O mercado forçou a moeda para cima porque ele precisa de uma referência. Os exportadores, quando fazem suas negociações, devem considerar a curva do dólar, ou seja, a tendência da moeda. Eles têm que saber em qual patamar o BC vai atuar, mas não estão podendo contar com isso. Semana passada era R$ 2,15, hoje é mais que isso", explica Hideaki Ilha, operador da Fair Corretora.
Segundo Ilha, essa falta de referência para antecipar possíveis atuações do BC "acaba afetando a credibilidade da autoridade."
Para Waldir Kiel, operador da H.Commcor, o desfecho da reunião do banco central americano na quarta-feira (19) também tem afetado o desempenho do dólar no mundo todo.
"Um possível corte nos estímulos econômicos nos EUA reduziria o volume de dólares no mercado mundial. Isso também diminuiria a já fragilizada entrada da moeda americana no Brasil, pressionando a cotação do dólar para cima", explica.
O banco central dos EUA recompra mensalmente US$ 85 bilhões em títulos públicos do país, a fim de injetar mais recursos na economia, estimulando sua retomada.
Especialistas avaliam que esse estímulo pode ser cortado, uma vez que a economia americana já mostra sinais de que está pronta para andar com as próprias pernas. As apostas, no entanto, são de que isso deverá acontecer apenas no ano que vem.