Folha de S. Paulo


Ortega assina concessão de Canal da Nicarágua com empresa chinesa

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, outorgou formalmente na última sexta-feira (14) ao empresário chinês Wang Jing, dono de uma firma criada há dez meses em Hong Kong, a concessão para a construção de um canal interoceânico que pretende competir com o do Panamá na América Central.

Ortega assinou o acordo com a HK Nicaragua durante um ato celebrado no centro de convenções do governo em Managua, concedido um prazo de 50 anos ao convênio, prorrogáveis por mais 50.

Com o megaprojeto, o esquerdista da Frente Sandinista promete tirar a Nicarágua definitivamente da pobreza.

A Nicarágua está entre os países mais empobrecidos da região, atrás somente do Haití. "Este projeto nos ajudará a conquistar nossa independência definitiva", assegurou Ortega, que apresentou Jing como um irmão da República Popular da China.

"Aqui está o fantasma em carne e osso", afirmou Ortega em alusão aos setores que se opuseram a que se entregasse a concessão a um empresário desconhecido e de origem duvidosa.

O contrato outorga a Jing direitos exclusivos para decidir o projeto, o desenvolvimento, o financiamento, a construção e a operação do canal, que custaria US$ 40 bilhões, os quais Jing estaria levantando com investidores.

O projeto prevê que se faça um canal úmido, portos, um aeroporto, um oleoduto, uma linha de trem para um canal seco e a criação de uma zona livre de comércio.

"Estamos comprometidos a assegurar um bom projeto, construção e funcionamento do grande canal", afirmou Jing, que falou em chinês com ajuda de um intérprete.

O acordo também concede a Jing o poder absoluto para determinar as tarifas do futuro canal, as expropriações de terras e o uso e desvio dos cursos de água.

Jing também é dono da empresa de telecomunicações Xinwei, que no ano passado recebeu do governo sandinista uma concessão de US$ 700 milhões para abrir uma linha de celulares, mas ainda não fez nada.

O empresário chinês apresentou uma equipe de especialistas e consultores estrangeiros que estariam participando dos estudos de viabilidade do canal. Ortega assinou o convênio após obter o aval do Congresso, controlado pelo seu partido.


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