Folha de S. Paulo


BC não tem pretensão de medir o PIB, afirma diretor

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, disse que a instituição não fez um diagnóstico de o que gerou a diferença mais acentuada entre o IBC-Br e o resultado do PIB no primeiro trimestre.

Segundo ele, o BC não tem a pretensão de medir o PIB, mas sim de obter uma avaliação mais frequente e menos defasada da atividade econômica, já que o IBGE divulga seu resultado trimestralmente.

Ainda assim, o diretor disse que a instituição considera que seu indicador tem boa aderência ao PIB. A seguir, mais trechos da entrevista.

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Folha - A diferença entre o IBC-Br e o PIB não foi muito grande no primeiro trimestre?
Carlos Hamilton - Não existe a pretensão de medir o PIB. O IBC-Br é uma tentativa de se aproximar. O IBGE é quem mede o PIB, tem lá os aspectos técnicos, e o que nós conhecemos sobre como o IBGE mede o PIB é o que todo mundo conhece.

O fato de o IBC-Br não aderir 100% ao PIB é natural. É um indicador mensal, e o PIB é medido em bases trimestrais. Por conseguinte, o próprio critério de dessazonalização é diferente, o conjunto de informações de que dispomos também é diferente.

O BC nunca conversou com o IBGE sobre as metodologias empregadas. Isso não seria necessário?
Não é questão de ser necessário ou não, é que o IBGE já disponibiliza para a sociedade como um todo a maneira como ele mede o PIB. Então, está lá, bem documentado, e nós coletamos essas informações e tentamos replicar, em bases mensais, algo que o IBGE mede em bases trimestrais.

Qual o peso do IBC-Br tem nas decisões de política monetária?
É um indicador importante. Nós analisamos, olhamos que informação o IBC-Br está trazendo. Mas nós olhamos o máximo possível de indicadores.

Essa diferença entre o IBC-Br e o PIB atrapalha?
Não, não mesmo, porque uma das características do processo de medição de PIB é a revisão. Então, o IBGE, como todos os institutos, divulga primeiro uma informação e ela, ao longo do tempo, vai sendo revista. Mas isso é sempre passado, e nós estamos tomando decisão sempre olhando para frente.

Economistas pedem uma abertura maior do cálculo do IBC-Br. É possível?
Nós entendemos que as informações que foram disponibilizadas permitem aos agentes interessados replicar [o cálculo]. É suficiente. Nesse sentido, não é necessário [abrir mais o modelo] porque a informação que está sendo proporcionada nos documentos do banco já permite qualquer bom analista do setor privado ou do setor público replicar o que o Banco Central faz aqui.


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