Folha de S. Paulo


Índios prometem manter ocupação de usina de Belo Monte

O líder da acupação indígena em Belo Monte, Valdenir Munduruku, afirmou nesta quarta-feira (29) queas cerca de 200 pessoas não cumprirão a nova determinação da Justiça que vence logo mais às 14h.

Em tom de ameaça, ele disse que o movimento aguarda ser recebido pelo governo. "Nós vamos dar um prazo até amanhã de manhã para que o governo nos receba. Se isso não acontecer vamos colocar fogo nos equipamentos do canteiro", disse à Folha, por telefone.

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Segundo ele, o governo não cumpriu o acordo no início do mês, quando havia prometido abrir diálogo após a saída pacífica do canteiro. "Ficamos esperando 20 dias e o governo não se mexeu. Se o governo quer conflito, ele terá", afirmou.

O líder Munduruku não negou que os ocupantes estejam utilizando os equipamentos do canteiro de obras para articular o movimento. Ele também afirmou que entre os 200 membros da ocupação neste momento estão idosos, mulheres e crianças.

NOTA

O CCBM (Consórcio Construtor de Belo Monte) divulgou nota agora há pouco com novo alerta sobre a violência da ocupação de comunidades indígenas no canteiro de obra da usina, em Vitória do Xingu (PA). "As ocupações indígenas em canteiros de obras da Hidrelétrica Belo Monte não têm sido pacíficas", diz a nota.

Há cerca de duas semanas, o consórcio encaminhou carta à Nesa (Norte Energia) e a outros quatro ministérios (Minas e Energia, Casa Civil, Secretaria Geral da Presidência e Justiça) alertando para o risco de um conflito entre etnias indígenas e trabalhadores alojados nos canteiros.

A obra já conta com 23 mil trabalhadores. Em Belo Monte, canteiro ocupado desde a última segunda-feira, há 3.500 trabalhadores, boa parte em alojamentos na própria área.


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