Folha de S. Paulo


Auditoria vê diferença milionária na contabilidade da Via Varejo

Contratada pela Via Varejo para levantar possíveis inconsistências na contabilidade, a auditoria KPMG descobriu diferenças de avaliação de valores que superestimaram o patrimônio da empresa em R$ 230 milhões.

A maior parte desse valor é uma diferença na avaliação do patrimônio da Casas Bahia e do Ponto Frio, empresas que se juntaram em 2010 para formar a Via Varejo.

A Folha apurou que R$ 170 milhões são resultado de uma diferença na avaliação dos ativos da Casas Bahia e da fabricante de móveis Bartira.

A cifra também inclui R$ 50 milhões em vendas supostamente realizadas pela Casas Bahia. As cerca de 73 mil notas fiscais dessas vendas desapareceram.

O relatório aponta ainda o não recolhimento do Imposto de Renda, PIS e Cofins e ICMS dessas vendas.

No Ponto Frio, a diferença patrimonial foi inicialmente de R$ 35 milhões.

Mas a Folha apurou que esse número pode chegar a R$ 60 milhões.

Além desses valores, a KMPG apontou novas inconsistências que não puderam ser mensuradas. Isso significa que o valor pode extrapolar os R$ 230 milhões.

Oficialmente, as empresas dizem que os números apontados pela KPMG não são definitivos, mas se negam a comentar o relatório, que é sigiloso e não pode ser usado em processos judiciais.

O assunto está sendo conduzido pelo comitê financeiro da Via Varejo com apoio técnico dos executivos.

SOLUÇÃO

Segundo apurou a reportagem, a solução que deverá ser aprovada é o pagamento das diferenças pelas partes para que o assunto seja encerrado.

Acerto semelhante foi feito no ano passado por outras diferenças.

Resolvida essa controvérsia entre os sócios, a empresa fica livre para seguir adiante com o plano da família Klein, que detém 47% da Via Varejo, de vender parte de suas ações por meio de abertura de capital da companhia.

A empresa foi avaliada em até R$ 12 bilhões -quase o triplo do valor na época da fusão. A abertura de capital agrada ao Casino, grupo francês que controla o Pão de Açúcar, dono dos outros 53%.

Procurada, a KPMG preferiu não comentar.

Editoria de Arte/Folhapress

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