Folha de S. Paulo


Preço de moradia sobe em ritmo menor

Em 2008, o consultor Adilson Motta, 34, comprou, na planta, um apartamento de 109 metros quadrados no Butantã, zona oeste de São Paulo. Pagou R$ 295 mil.

No fim do ano passado, a construtora vendeu a ele, no mesmo empreendimento, um apartamento maior, de 136 metros quadrados, por R$ 780 mil e o imóvel anterior entrou no negócio valendo R$ 580 mil -quase o dobro do valor de quatro anos antes.

Construtoras estão mais flexíveis para negociações
Bairros distantes do centro de São Paulo lideram valorização em 2012

Juca Varella/Folhapress
Adilson Motta comprou um imóvel e conseguiu trocar por outro maior depois do boom imobiliário de 2010
Adilson Motta comprou um imóvel e conseguiu trocar por outro maior depois do boom imobiliário de 2010

O consultor se beneficiou do boom dos preços de imóveis que ocorreu entre 2010 e 2011 em todo o Brasil.

Em 2010, os preços de imóveis subiram, em média, 20% no país, segundo índice divulgado pelo Banco Central.

Mas essa aceleração intensa dá sinais de esgotamento, destacam especialistas, e não deve se repetir tão cedo.

Em 2012, o índice do BC indica que a valorização imobiliária foi de apenas 3,6%.

Os preços continuarão em alta, em ritmo menor, no compasso da inflação, afirmam consultores.

Eduardo Zaidan, vice-presidente de economia do SindusCon-SP (sindicato da indústria da construção), afirma que os preços dos imóveis ficaram estáveis de 1994 a 2005.

"A valorização que ocorreu em 2010 compensou essa defasagem e, no último ano, os preços retornaram à estabilidade, em um novo patamar de preços", diz.

CENÁRIO

Para João da Rocha Lima Júnior, professor de mercado imobiliário da Poli (Escola Politécnica da USP), as empresas de construção ficaram com muito dinheiro em caixa disponível para empreendimentos com os IPOs (abertura de capital na Bolsa) por volta de 2006, mas o país não oferecia as condições para atender ao novo cenário.

Havia, diz ele, carência de terrenos e de mão de obra qualificada, o que encareceu os custos de produção. Além disso, os órgãos públicos não estavam preparados para aprovação de tantos projetos.

O tempo de espera para as licenças de venda e construção também contribuiu para o aumento dos preços.

Mas, segundo Lima, esses custos já foram incorporados.

Celso Petrucci, economista do Secovi-SP (entidade que representa construtoras), afirma que, em 2010, o estoque de imóveis novos (com até três anos após o lançamento) em São Paulo foi reduzido a menos da metade da média registrada em dez anos: de 18 mil para 7.000.

Ao mesmo tempo, segundo Zaidan, o país começou a sanar seu deficit habitacional. Com mais emprego e renda, cresceu a demanda por moradia, o que ajudou a impulsionar os preços.

"O grande deficit que havia da classe média baixa, por coabitação [duas ou mais famílias morando no mesmo local], foi resolvido."

Outro fator a impulsionar a demanda foi a expansão do crédito imobiliário, processo que também dá sinais de desaceleração.

Apesar da estabilização dos preços, o BC aponta que a proporção de imóveis de alto valor tem crescido.

Segundo Fernando Sita, diretor da imobiliária Coelho da Fonseca, os imóveis comercializados por sua empresa, para clientes de alta renda, tiveram valorização de 18% no último ano. "E o mercado segue se valorizando."


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