Folha de S. Paulo


Prévia da inflação oficial desacelera em maio para 0,46%, diz IBGE

Prévia da inflação oficial, o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15) teve alta de 0,46% em maio, desaceleração em relação ao resultado de abril (0,51%), informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O índice foi pressionado em maio pelos preços no segmento de saúde e cuidados pessoais --consequência da alta dos preços dos remédios--, mas o ritmo da alta caiu com a desaceleração no grupo dos alimentos.

No acumulado dos últimos 12 meses, o índice também desacelerou, com alta de 6,46% em maio. Em abril, estava em 6,51%. Houve ainda desaceleração frente ao resultado de maio de 2012, de 0,51%.

Desaceleração dos alimentos foi destaque positivo em prévia da inflação, diz consultoria

Pesquisa realizada pela agência Reuters apontou que o indicador subiria 0,49% na comparação mensal, de acordo com a mediana das previsões de 26 analistas. As estimativas variaram de 0,38% a 0,51%.

Apesar da desoneração da cesta básica, os preços dos alimentos continuaram subindo, mas a alta desacelerou ante o mês anterior. O IBGE destaca que, embora os preços tenham aumentado 0,47%, o ritmo do avanço mostrou forte recuo em relação a abril, quando a alta havia sido de 1%.

O alívio começa a ocorrer após os alimentos terem sido os vilões da inflação no começo do ano. Em março, o governo promoveu a desoneração de itens da cesta básica. A expectativa de analistas era de que, a partir deste mês, começasse a haver redução do preço dos alimentos.

Entre os produtos que tiveram alta estão o feijão carioca (10,13%), a cebola (5,63%) e a batata inglesa (5,45%). Na outra ponta, as baixas ocorreram com, por exemplo, o açúcar refinado (-6,46%), o óleo de soja (-2,23%) e o arroz (-1,78%).

O tomate, que apresentou uma das maiores altas no começo do ano, teve queda de 12,42% no mês. O alimento foi alvo de boicote por causa da forte alta. Uma tradicional cantina de São Paulo anunciou no início de abril que não compraria o tomate por causa do preço. A suspensão durou dez dias.

O principal responsável pelo aumento dos preços foi o clima. A oferta ficou menor porque o excesso de chuva encerrou antes a safra que viria do sul do país e atrasou a safra do Sudeste.

Editoria de Arte/Folhapress

MAIORES IMPACTOS

Os remédios lideraram os principais impactos no índice no mês. A alta de 2,94% em maio após a de 0,93% no mês anterior refletiu o reajuste vigente desde 4 de abril, que variou de 2,70% a 6,31% conforme a classificação do medicamento. Com isto, os preços acumulam alta de 4,18% no ano.

Também apresentaram taxas crescentes de um mês para o outro os grupos habitação (de 0,68% para 0,72%) e vestuário (de 0,44% para 0,76%).

Segundo o IBGE, além dos alimentos, o grupo que mais contribuiu para a desaceleração da inflação foi o de transportes, com queda de 0,03%.

Neste grupo, destacam-se as quedas nas tarifas aéreas (-3,41%), ônibus urbanos (-0,43%) e gasolina (-0,36%).

No próximo mês, no entanto, está previsto o aumento das passagens do metrô, trem e ônibus da cidade de São Paulo. A alta deveria ter ocorrido tanto em São Paulo quanto no Rio no começo do ano, mas foi adiada para ajudar a conter a inflação. O pedido foi feito pela presidente Dilma Rousseff.

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 13 de abril a 14 de maio e comparados com aqueles vigentes entre 15 de março e 12 de abril.

VARIAÇÃO POR GRUPOS

Grupo Variação em abril Variação em maio
Índice geral 0,51% 0,46%
Alimentação e bebidas 1% 0,47%
Habitação 0,68% 0,72%
Artigos de residência 0,39% 0,18%
Vestuário 0,44% 0,76%
Transportes -0,01% -0,03%
Saúde e cuidados pessoais 0,63% 1,30%
Despesas pessoais 0,48% 0,46%
Educação 0,10% 0,08%
Comunicação -0,09% -0,06%

PREOCUPAÇÃO

O governo tem dado sinais nos últimos dias de que está mais preocupado com a inflação e de que poderá acelerar o ritmo de aumento de juros. O instrumento é utilizado para conter a alta de preços.

O mercado aumentou as expectativas de uma elevação de 0,5 ponto percentual da Selic --a taxa básica de juros-- para 8% na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), na semana que vem. Atualmente, a Selic está em 7,5% ao ano.

Há poucos dias, prevalecia a expectativa de um aumento menor, de 0,25 ponto percentual. A mudança ocorreu após discurso do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Ele disse que o BC fará o que for necessário e de forma tempestiva para a inflação cair na segunda metade do ano.

Ontem, reafirmou que o objetivo da autoridade monetária é levar a inflação para o centro da meta, de 4,5%.

A meta de inflação do BC, de 4,5%, tem tolerância para oscilar dois pontos para cima ou para baixo. Desde que começou o mandato de Tombini em 2011, porém, a inflação nunca chegou ao centro da meta.


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