Folha de S. Paulo


Prejuízo da OGX, de Eike, mais que quintuplica no 1º trimestre

Em meio a uma crise de confiança dos investidores com o grupo EBX, do empresário Eike Batista, a petroleira OGX anunciou na noite desta quinta-feira (9) que o prejuízo da companhia mais que qintuplicou no primeiro trimestre de 2013 na comparação com o mesmo período do ano passado, de R$ 145 milhões para R$ 805 milhões.

Segundo a OGX, o resultado decorre principalmente de despesas de R$ 1,19 bilhão referentes a poços secos e áreas subcomerciais devolvidas à ANP (Agência Nacional de Petróleo) após a conclusão do período exploratório, em março de 2013.

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O balanço divulgado hoje vem em um momento de preocupação do mercado com o alto grau de endividamento e as baixas receitas das companhias do grupo EBX.

O Ebitda (indicador da capacidade de geração de caixa), no entanto, veio positivo em R$ 74 milhões, ante resultado negativo de R$ 143,5 milhões no primeiro trimestre de 2012.

A companhia destacou o resultado, o primeiro positivo da companhia, além do aumento de produção no campo de Tubarão Azul, na bacia de Campos, que atingiu 954 mil barris de petróleo --alta de 5,1% ante o trimestre anterior.

"Apesar deste avanço, este foi um trimestre desafiador para a OGX, uma vez que problemas operacionais levaram a paradas na produção dos poços OGX-68HP e TBAZ-1HP, além de intermitência operacional no poço OGX-26HP", afirmou em nota o presidente da OGX, Luiz Carneiro.

O saldo de empréstimos e financiamentos teve redução de R$ 54 milhões entre 31 de dezembro e o último dia de março, chegando a R$ 7,99 bilhões, e o caixa da companhia teve queda de US$ 500 milhões entre o final do ano passado e os três primeiros meses de 2013, atingindo US$ 1,15 bilhão.

CONFIANÇA

Os temores do mercado com a empresa têm provocado forte oscilação das ações e perda de valor. Os papéis da petroleira fecharam hoje em queda de 6,25% antes da divulgação do resultado. Nos últimos 12 meses, o tombo é de mais de 85%.

A companhia tem buscado formas de se capitalizar e romper com a crise de confiança. Na terça, a OGX anunciou a venda de 40% do campo de Tubarão Martelo para a Petronas, petroleira estatal da Malásia, por US$ 850 milhões.

O negócio foi bem recebido pelo mercado, mas visto apenas como alívio de curto prazo para o caixa da petrolífera.

"Agrega-se à OGX uma empresa com muita experiência e recursos para desenvolver a produção nestes e até em outros campos", informaram em relatório os analistas da corretora Planner.

O presidente da petroleira disse que a parceria "reforça a qualidade dos ativos da companhia", além de fortalecer a posição de caixa e contribuir com financiamento adicional.

O tamanho do endividamento da companhia também é questionado recentemente.

A consultoria americana Covenant Review preparou um relatório em que diz que a OGX possui dívidas maiores do que as que constam no balanço de 2012. A empresa diz que todas as suas dívidas são reportadas no balanço, que é auditado.

PRODUÇÃO

Os papéis da petroleira de Eike começaram a despencar depois que a empresa não cumpriu metas de produção no ano passado, seu primeiro ano de operação. A previsão era de que a produção inicial fosse de cerca de 15 mil barris diários, mas ficou em um terço desse volume e frustrou os investidores.

A queda da produção ocorreu por problemas operacionais apresentados pelo único campo produtor da empresa, Tubarão Azul. O poço OGX-26, o principal do campo, enfrentou problemas como defeitos na bomba centrífuga e superaquecimento.


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