Folha de S. Paulo


Brasileiros sem conta em banco vão girar o equivalente ao PIB da Colômbia em 2013

Neste ano, R$ 665 bilhões vão passar pelas mãos -ou melhor, pelos bolsos- dos 55 milhões de brasileiros que não têm conta em banco.

Esses brasileiros representam 39,5% da população adulta do país, segundo estudo do instituto Data Popular.

Os dados serão apresentados hoje durante seminário em São Paulo para discutir o impacto do crédito no comportamento de consumo da nova classe média, dona hoje de 103 milhões de cartões de crédito no país.

O valor que passa à margem do sistema bancário brasileiro (R$ 665 bilhões) equivale quase ao PIB da Colômbia, segundo informações do Banco Mundial.

"O que surpreende é que, por mais que o processo de bancarização tenha crescido, quatro em cada dez brasileiros ainda não possuem conta-corrente ou poupança. E esse número é ainda maior nas classes mais baixas", afirma Renato Meirelles, sócio e diretor do instituto.

QUEM SÃO

Metade dos brasileiros sem conta em banco está na classe média -são 29 milhões de pessoas que fazem parte de famílias com renda per capita de R$ 291 a R$ 1.019. O critério de classificação por faixa de renda é o mesmo adotado pelo governo.

Outros 11% dos sem conta em banco (6 milhões de pessoas) estão na classe alta e 37% (20 milhões), na baixa.

Um terço da população "desbancarizada" tem de 40 a 59 anos -pessoas em sua maior parte (65%) com ensino fundamental completo.

Quase metade desses brasileiros está fora do mercado de trabalho -são donas de casa, desempregados, estudantes e aposentados. Para o levantamento, foram entrevistadas 2.006 pessoas de 53 cidades entre os meses de fevereiro e março deste ano.

As principais razões apontadas para a não bancarização são: 1) a dificuldade de acesso à rede bancária em cidades do interior que ainda não têm oferta de agências; 2) problemas financeiros que levaram ao endividamento e fizeram com que as pessoas que tiveram conta se tornassem "ex-bancarizadas"; 3) opção de não ter relacionamento com os bancos por considerarem desvantagens no pagamento de taxas e crédito oferecido.

Para a Febraban (federação dos bancos), a bancarização tem avançado no país. No ano passado, o número de contas-correntes ativas aumentou 6% e o da poupança, 4%. A entidade não comentou o estudo.

"O desafio dos bancos é oferecer serviços para os 55 milhões de brasileiros que hoje não enxergam nas instituições financeiras uma solução para as suas demandas", diz Meirelles.


Endereço da página: