Folha de S. Paulo


Setor de alimentos cai puxado por inflação em alta e exportações menores

O setor de alimentos teve a maior influência negativa no resultado da indústria em março na comparação com o mês anterior, segundo dados de produção divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A queda no mês no setor foi de 2,7%, o segundo resultado negativo consecutivo, acumulando nesse período perda de 4%. A produção industrial cresceu 0,7% em março.

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Um dos principais motivos para o resultado negativo foi a influência da inflação. Neste início de ano, houve um choque dos alimentos no Brasil devido ao clima desfavorável que fez disparar o preço das hortaliças, legumes e frutas. Um dos casos emblemáticos é o tomate.

Em março, o IPCA acumulado em 12 meses ficou em 6,59%, acima do teto da meta estipulada pelo governo.

No exterior, houve a quebra de grãos em grandes produtores, como os Estados Unidos.

Outro fator apontado é um menor ritmo das exportações de produtos como açúcar e derivados de soja, segundo André Macedo, técnico do IBGE.

"Com a desaceleração da economia mundial, produtos com viés de mercado externo pressionaram o resultado de alimentos", afirma Macedo.

Os alimentos têm peso de 11% sobre a sobre a pesquisa de produção industrial do IBGE.

VEJA O DESEMPENHO POR SETOR NO ANO
Crescimento acumulado no ano até março

SETOR CRESCIMENTO (em %)
Veículos automotores 12,7
Mobiliário 7,3
Refino de petróleo e produção de álcool 7,2
Outros equipamentos de transporte 6,2
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 5
Madeira 4,8
Borracha e plástico 2,5
Bebidas 0,8
Perfumaria, sabões e produtos de limpeza 0,5
Calçados e artigos de couro 0,2
Indústria geral -0,5
Minerais não metálicos -1
Celulose, papel e produtos de papel -1,2
Outros produtos químicos -1,3
Produtos de metal -1,5
Máquinas e equipamentos -2
Equips. de instrum. méd.-hosp., ópticos e out ros -2,2
Alimentos -3,1
Matl. elet., apars. e equips. de comunicações -3,3
Diversos -4,7
Indústrias extrat ivas -4,9
Máqs. p/ escritório e equips. de informática -6,7
Metalurgia básica -6,9
Têxtil -7,1
Vestuário e acessórios -7,1
Farmacêutica -9
Edição, impressão e reprodução de gravações -10,2
Fumo -23,3

VEÍCULOS

Do lado positivo, a maior influência no mês veio dos veículos automotores, que cresceram 5,1% me março, eliminando assim parte da queda de 8,1% verificada no mês anterior.

Em fevereiro, as montadoras pisaram no freio depois de uma antecipação na fabricação de automóveis em janeiro diante da expectativa de novo aumento gradual do IPI.

O governo, no entanto, decidiu prorrogar o incentivo até dezembro para tentar alavancar o consumo e conter a inflação.

"Fevereiro foi muito marcado por reduções na produção de veículos, com plantas paralisadas para ampliação do parque industrial e férias coletivas em algumas plantas. No mês de março isso foi revertido", diz o especialista.

Outro fator que influenciou positivamente o resultado desse setor em março foi uma maior produção de caminhões.

"Há uma demanda crescente por esse bem desde o início de 2013, resultado do IPI zero para esses veículos além de outros fatores, como a redução das taxas de financiamento pelo BNDES", diz.

No acumulado do ano, a produção de veículos cresceu 12,7% ante os três primeiros meses de 2012.


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