Após apresentar a maior queda desde a crise de 2008 em fevereiro, a produção da indústria reagiu e voltou a crescer em março, com leve alta de 0,7% na comparação, livre de influências sazonais (típicas de cada período), com fevereiro.
Os dados foram divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
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"O setor industrial mostra uma recuperação neste início de ano frente ao final de 2012, mas ainda há uma distância a ser percorrida em relação aos patamares que o setor já operou", afirma André Macedo, técnico do IBGE.
Na comparação de março com o patamar recorde da série histórica, registrado em maio de 2011, há uma distância de 3,7%, diz.
O resultado ficou abaixo da expectativa do mercado. Segundo pesquisa da agência de notícias Reuters com analistas, a expectativa era de que a produção industrial crescesse 1,3% em março sobre o mês anterior.
O técnico destaca que o avanço de março foi precedido de duas taxas com oscilações fortes, sendo alta de 2,7% em janeiro e depois queda de 2,4% em fevereiro.
Macedo diz ainda que a alta não é disseminada em todos os setores da indústria. Há destaque para bens de capital, que teve alta de 11,7% nos três primeiros meses do ano, considerando os resultados por mês.
O setor industrial, segundo ele, vem apresentando maior crescimento, como resultado de medidas adotadas no final do ano passado.
"O saldo é positivo. Ao olhar os três resultados do ano, temos resultados combinado de uma alta de 1% por mês", afirma Macedo.
OUTRAS COMPARAÇÕES
Em relação a março de 2012, houve recuo de 3,3%, depois de uma queda de 3,2% nessa mesma base de comparação em fevereiro. A expectativa dos analistas ouvidos pela Reuters era de uma queda menor, de 2,1%.
O técnico do IBGE destaca que o resultado foi influenciado pelo menor número de dias em março deste ano ante o mesmo mês de 2012, com diferença de dois dias úteis. Se o efeito calendário fosse excluído, haveria alta de 1,1%.
O índice acumulado em 12 meses encerrados em março registrou queda de 2%. Já o acumulado de janeiro a março ficou negativo em 0,5%, segundo o IBGE.
Ontem (2), ao divulgar o Indicador do Nível de Atividade (INA), a indústria paulista classificou o resultado do primeiro trimestre como razoável. Em relatório sobre o crescimento da indústria em 2013, o HSBC apontou que a recuperação ainda é modesta. O relatório do banco já considera os dados de abril.
SETORES
De fevereiro para março, os setores com melhores desempenhos, considerando o peso de cada um deles na indústria, foram os de veículos automotores, que cresceu 5,1%, eliminando parte da queda de 8,1% registrada em fevereiro, refino de petróleo e produção de álcool (3,3%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (11,9%), bebidas (4,6%), fumo (33,4%), mobiliário (11%) e borracha e plástico (2,7%).
A expansão do ritmo de atividade em março ocorreu em 13 dos 27 ramos pesquisados, de acordo com o IBGE.
Já os resultados mais fracos ficaram com o setor de alimentos (-2,7%), que teve o segundo recuo consecutivo, equipamentos de transporte (-5%), produtos de metal (-4,4%), diversos (-7,3%) e outros produtos químicos (-1%).
Entre as categorias de uso, a expansão mais elevada veio dos bens de consumo duráveis (4,7%), recuperando parte da queda de 7,3% registrada em fevereiro. A produção de bens intermediários (0,8%) e de bens de capital (0,7%) também mostrou crescimento em março.
O único resultado negativo no período foi de bens de consumo semi e não duráveis (-0,5%), o segundo recuo consecutivo nesse tipo de confronto, acumulando perda de 2,9% no período.
VEJA O DESEMPENHO POR SETOR NO ANO
Crescimento acumulado no ano até março
SETOR | CRESCIMENTO (em %) |
---|---|
Veículos automotores | 12,7 |
Mobiliário | 7,3 |
Refino de petróleo e produção de álcool | 7,2 |
Outros equipamentos de transporte | 6,2 |
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos | 5 |
Madeira | 4,8 |
Borracha e plástico | 2,5 |
Bebidas | 0,8 |
Perfumaria, sabões e produtos de limpeza | 0,5 |
Calçados e artigos de couro | 0,2 |
Indústria geral | -0,5 |
Minerais não metálicos | -1 |
Celulose, papel e produtos de papel | -1,2 |
Outros produtos químicos | -1,3 |
Produtos de metal | -1,5 |
Máquinas e equipamentos | -2 |
Equips. de instrum. méd.-hosp., ópticos e out ros | -2,2 |
Alimentos | -3,1 |
Matl. elet., apars. e equips. de comunicações | -3,3 |
Diversos | -4,7 |
Indústrias extrat ivas | -4,9 |
Máqs. p/ escritório e equips. de informática | -6,7 |
Metalurgia básica | -6,9 |
Têxtil | -7,1 |
Vestuário e acessórios | -7,1 |
Farmacêutica | -9 |
Edição, impressão e reprodução de gravações | -10,2 |
Fumo | -23,3 |
ANUAL
Na comparação com o mesmo mês de 2012, houve resultado negativo em 21 das 27 atividades pesquisadas. O IBGE destaca que março deste ano teve dois dias úteis a menos do que o mesmo mês do ano anterior, o que contribuiu com essa queda.
Os principais impactos negativos vieram da indústria de alimentos (-7,9%), farmacêutica (-17,3%), extrativas (-7,1%), metalurgia básica (-7,3%), edição, impressão e reprodução de gravações (-8,4%), outros produtos químicos (-3,9%), bebidas (-5,7%), produtos de metal (-5,7%) e produtos têxteis (-8,6%).
Por outro lado, entre as seis atividades que ampliaram a produção a principal influência veio de refino de petróleo e produção de álcool (10,1%).
COMPARE O DESEMPENHO POR CATEGORIA
Crescimento, em %
CATEGORIAS DE USO | EM MARÇO | EM 12 MESES | ACUMULADO NO ANO | ACUMULADO EM 12 MESES |
---|---|---|---|---|
Bens de Capital | 0,7 | 4,3 | 9,8 | -6,7 |
Bens Intermediários | 0,8 | -1,7 | -0,8 | -1,4 |
Bens de Consumo | 1,4 | -7,2 | -2,8 | -1 |
Duráveis | 4,7 | -4 | 1 | -0,3 |
Semiduráveis e não Duráveis | -0,5 | -8,2 | -3,9 | -1,2 |
Indústria Geral | 0,7 | -3,3 | -0,5 | -2 |
Fonte: IBGE