Folha de S. Paulo


Terceirização ajuda a profissionalizar gestão de empreendedores

Para atender empreendedores sem experiência em contabilidade, o empresário Erick Krulikowski criou a iSetor, prestadora de serviços de gestão administrativa e financeira, há dois anos.

O seu público-alvo, diz, são empresas de pequeno porte que não teriam demanda suficiente para contratar um gestor experiente para analisar os números e definir a estratégia da firma.
Além disso, muitas empresas têm dificuldades para organizar a movimentação de seu caixa devido ao número limitado de funcionários, explica Krulikowski.

"Quando você tem uma recepcionista que cuida do atendimento e faz as vendas, ela pode ajudar no controle do caixa por um tempo. Mas, quando você chega a 30 clientes com pagamentos parcelados, fica impraticável."

Os clientes da iSetor enviam à empresa documentos como contas a pagar e notas fiscais emitidas (física ou virtualmente). A partir dessas informações, a iSetor cria um relatório com as contas da empresa, o seu fluxo de caixa e a previsão de recebimentos nos próximos meses.

As informações são, posteriormente, usadas em reuniões para definir a estratégia da empresa que contratou o serviço.

Zé Carlos Barretta - 15.abr.2013/Folhapress
Cristina Pisaneschi, sócia do laboratório Chromanalysis, contratou serviço terceirizado para cuidar da gestão financeira da empresa
Cristina Pisaneschi, sócia do laboratório Chromanalysis, contratou serviço para cuidar da gestão financeira da empresa

VANTAGENS

Para o professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo Roy Martelanc, a terceirização pode trazer vantagens para a empresa, que assim pode ter acesso a um serviço que não encontraria por menor preço.

Outros serviços podem se tornar acessíveis para empresas menores a partir da terceirização. A empresa Prestus oferece, a partir de uma mensalidade de R$ 250, o atendimento de ligações por uma equipe de secretárias.

"Atingimos um público que não tem uma demanda forte para a contratação de secretária, mas que pode perder um cliente por não atender uma ligação importante", afirma o sócio da Prestus Leandro Crocomo.

Segundo ele, a maior parte de seus clientes são empresários que trabalham em casa e profissionais liberais.

Cristina Pisaneschi, 48, sócia do laboratório Chromanalysis, decidiu terceirizar a gestão da firma no final do ano passado. Até então, ela era a responsável pela área financeira da empresa de análise de medicamentos genéricos, criada em 1999 com mais duas sócias.

Para lidar com a função, Pisaneschi fazia tabelas no computador, mas tinha dificuldade para tirar conclusões dos números.

"Com a gestão terceirizada, conseguimos ver que 70% do nosso gasto era com folha de pagamento", afirma.

A partir da conclusão, diz, a opção foi demitir duas funcionárias e contratar uma nova. A empresária diz que já imaginava que o gasto era excessivo, mas não conseguia mostrar isso para as sócias antes de organizar melhor as contas da empresa.

FOCO

A pintora Sarita Roysen, 54, e o fotógrafo François Leruche, 47, sócios do Atelier Novomundo, consideram que se tornaram profissionais ao decidir terceirizar a contabilidade, em outubro de 2012.

"Antes cuidávamos das contas com cálculos na ponta da caneta", diz Roysen.

Agora, se o ateliê não atinge as metas de vendas, os gestores pedem para que adiem uma próxima expedição de pesquisa que iriam fazer.

Como vantagem de não precisar mais cuidar das contas tão de perto, a pintora aponta a dedicação integral ao que gostam de fazer.

Martelanc, professor da USP, recomenda, no entanto, que as empresas não entreguem as suas contas sem atenção e que acompanhem de perto o trabalho realizado pelos terceirizados. "A pessoa está mexendo com dinheiro da empresa, é preciso tomar muito cuidado", diz. (FILIPE OLIVEIRA)

Editoria de Arte/Folhapress

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