Folha de S. Paulo


Brasil ainda é promessa em pescados de cativeiro

Referência mundial no mercado de proteína animal -o Brasil é líder nas exportações de carne bovina e de frango-, o país é uma promessa no setor de pescados.

Mesmo com 12% das reservas de água doce do planeta, uma costa de 8.500 quilômetros de extensão e baixo custo para alimentação devido à grande produção de grãos, o Brasil está longe dos líderes.

Segundo a FAO (órgão das Nações Unidas para agricultura e alimentação), o país é o 13º maior produtor de pescados em cativeiro, atividade conhecida como aquicultura.

Em 2010, data do relatório mais recente do Ministério da Pesca e Aquicultura, foram produzidas 479 mil toneladas de pescados nesse modelo no Brasil, crescimento de 15% em relação ao ano anterior. Esse volume pode dobrar nos próximos dez anos.

O banco holandês Rabobank, com forte presença no agronegócio, estima a produção de 1 milhão de toneladas de pescados em 2022.

Além do ambiente favorável à produção, a demanda estimula a atividade. O consumo no Brasil cresce a uma taxa anual de 9% desde 2006, mas ainda está abaixo da média mundial e do recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Deve, portanto, continuar aumentando.

O movimento é influenciado pelo aumento da renda e por hábitos mais saudáveis de consumo -uma tendência mundial. A FAO estima que a demanda global por pescados crescerá em aproximadamente 30 milhões de toneladas até 2030.

Com a pesca extrativa perto do limite -desde 2003 a produção se mantém em 90 milhões de toneladas no mundo-, a oferta adicional virá da aquicultura.

Entre os atuais líderes desse mercado, poucos têm condições de aumentar a produção de forma significativa. A China, por exemplo, líder na produção de tilápias, enfrenta aumento nos custos, o que poderia abrir espaço para o Brasil, avalia o Rabobank.

O empresário Pedro Furlan, que pertence à família fundadora da Sadia, aposta no desenvolvimento do Brasil nesse mercado.

Em 2006, fundou a Nativ Pescados, produtora de tilápias e peixes amazônicos em Sorriso (MT) que em 2012 faturou R$ 30 milhões.

Para ele, falta escala para o Brasil conquistar posição de destaque no setor. "O país precisa de tecnologia e mão de obra aplicada", diz.

PROBLEMAS

Estudo do BNDES sobre o setor, divulgado em 2012, aponta os principais gargalos à evolução: dificuldades no licenciamento ambiental, falta de tecnologia e de crédito.

Segundo a secretária de Planejamento da Aquicultura do Ministério da Pesca, Maria Fernanda Ferreira, o governo trabalha nessas três áreas. No ano passado, lançou o primeiro Plano Safra para a aquicultura, que prevê a liberação de R$ 4 bilhões ao setor até 2014.

Quanto ao licenciamento ambiental, as iniciativas devem partir dos governos estaduais, que concedem as autorizações. São Paulo, por exemplo, no final de 2012 isentou pequenos produtores de estudo de impacto ambiental, o que, por tabela, deve agilizar o licenciamento de grandes projetos.

Segundo a secretária do ministério, outros Estados também buscam agilizar o licenciamento ambiental, como Goiás e Paraná.


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