Folha de S. Paulo


Especialistas recomendam manter FGTS na Petrobras se perspectiva for longo prazo

O mau desempenho das ações da Petrobras também preocupa quem tem recursos investidos nos fundos de FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) que aplicam na estatal.

Nos últimos 12 meses até 19 de março deste ano, esses fundos tiveram perda de cerca de 30%, embora tenham rendido mais de 440% considerando o prazo desde 2000 (veja detalhes no quadro).

Acionistas da Petrobras perdem 21% em 12 meses

Especialistas recomendam manter o dinheiro no fundo se o horizonte da aplicação for o longo prazo -ou seja, se a aposentadoria estiver longe de se concretizar. Assim, haveria tempo suficiente para as ações se recuperarem das perdas recentes.

Editoria de Arte/Folhapress
RETORNO ACUMULADO, EM %*

"Mesmo com as perdas não vale sair porque a empresa tem boas perspectivas no futuro, com o pré-sal", diz Clodoir Vieira, da Souza Barros.

Vale lembrar que, quando o investidor tira o dinheiro do fundo, os recursos voltam automaticamente para o FGTS, que rende 3% mais TR (Taxa Referencial), que hoje é zero.

E só é possível retirar os recursos do FGTS em casos específicos, como aposentadoria, demissão sem justa causa e compra da casa própria.

Segundo Mauro Calil, educador financeiro, se a pessoa estiver a menos de cinco anos da aposentadoria, o saque pode valer a pena, pois se trata de período de transição, no qual incertezas devem ser evitadas e se recomenda que o investimento comece a migrar para opções mais conservadoras.

"Se estou a três anos de me aposentar e tenho R$ 500 mil de saldo, posso botar a perder esse valor e ficar com menos. Então é melhor sacar."

DIVIDENDOS

Os dividendos foram responsáveis por boa parte dos ganhos dos acionistas da Petrobras no longo prazo.

Mauro Calil, educador financeiro da Academia do Dinheiro, ressalta que, entre os princípios do investimento em ações, está reaplicar os dividendos e os juros recebidos. "No final de um período gera uma diferença muito grande", diz.

Especialistas afirmam, porém, que o investidor não deve olhar só para a possibilidade de dividendos ao escolher uma ação.

De acordo com a XP Investimentos, o "dividend yield" (relação entre o dividendo pago e o preço da ação) não é garantia de retorno ao acionista.

Segundo a corretora, também há companhias seguras que não pagam "dividend yield" alto, mas reinvestem fortemente na própria operação, como algumas do setor de tecnologia e varejo, o que favorece o investidor.

No caso da Petrobras, Clodoir Vieira, da Souza Barros, não vê o dividendo como algo que compense ficar com as ações. "A empresa reduziu o pagamento de dividendos. Aliás, parte da queda das ações foi por isso. Hoje, não compensaria.


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