Folha de S. Paulo


Futuro será disputa entre grandes cidades, diz executivo do Citibank

Um mundo onde as grandes cidades são mais importantes que os países e competem entre si, principalmente para atrair investimento. Assim será o futuro, segundo Francesco Vanni, chefe global do CTS (Citi Transaction Service), do Citibank.

Desde 2009, o italiano comanda a área do banco responsável pelas transações internacionais e pelos investimentos globais de médias e grandes empresas --privadas e públicas. O CTS gira US$ 3 trilhões ao dia em transações e tem US$ 12,8 trilhões em ativos sob custódia.

Em entrevista à Folha no Brasil, o terceiro mercado mais importante para o Citi, atrás apenas dos EUA e do Reino Unido, Vanni explica como os fluxos de investimento globais se inverteram na última década e afirma que o Brasil é visto como um país de oportunidades, apesar do crescimento fraco da economia. Confira os principais trechos.

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Tendências
Trabalhamos com três "megatendências" em que estamos investindo. A primeira é a globalização. A segunda é passar de processos manuais para digitais e a terceira é o movimento do campo para os grandes centros urbanos. Hoje, 50% da população global mora em cidades e acreditamos que, nos próximos 25 anos, esse número chegará a ser de 70% a 75%. Essas tendências estarão centralmente em um milhão dos principais centros urbanos do mundo e de lá sairá 85% do crescimento e da riqueza. Então, nosso foco no futuro será muito mais nas 150 principais cidades ao redor do mundo, incluindo as grandes cidades do Brasil.

Grandes cidades
As batalhas no futuro vão ser entre grandes centros urbanos mais do que entre grandes países. Haverá um globo de cidades, não de países. Quem atrai o próximo grande investimento? Quem faz o novo aeroporto primeiro, quem tem o melhor metrô, os melhores hospitais, as melhores escolas? Isso não é entre países, é entre a comunidade de um centro e urbano e de outro. Então, a competitividade está dentro do país, mas é global também. Administradores públicos que entenderem isso terão muitas coisas a fazer para trazer investimentos e riqueza para sua comunidade.

Fluxos de investimentos
Tradicionalmente, eles iam do hemisfério norte para o hemisfério sul. O que mudou é que tem havido muita riqueza criada no hemisfério sul --na Ásia e na América Latina-- e as empresas, as instituições financeiras e os países começaram a olhar para o mundo, como oportunidade de investimento. Começamos a ver muito fluxo do Sul para o Sul --por exemplo, da Ásia e da China para a África ou para a América Latina e do Brasil para a Ásia e para a África. E até do Sul para o Norte, o contrário do que vinha acontecendo antes. E agora você vê muito investimento nos Estados Unidos, porque, se houver uma revolução no setor de energia [com os EUA passando a grande exportador], será mais barato ter uma planta de manufatura perto das fontes de energia. E o Brasil, que é um dos novos investidores, está tirando vantagem disso.

Empresas brasileiras
Tenho visto empresas brasileiras na Europa, nos EUA, em outros países na própria região [América Latina], na Ásia, na África. Tanto como compradores para as própria cadeia de suprimentos dela mas também como mercados para vender seus produtos. Tem o exemplo da Embraer.

PIB fraco
Crescimento alto é sempre melhor. Mas todos com quem falamos, nossos clientes, estão executando seus planos de investimento. Todos enxergam essa grande oportunidade de infraestrutura, acredita que o Brasil fez muitos progressos, que há oportunidade de ter muito retorno. A parte de varejo, consumo e serviços está indo muito bem, tem pleno emprego...


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