Folha de S. Paulo


Justiça fecha refinaria da Petrobras na Argentina

A refinaria da Petrobras em Bahía Blanca, no litoral argentino, foi fechada nesta quinta-feira por ordem da Justiça da Província de Buenos Aires.

O fechamento, por tempo indeterminado, foi pedido por associações de moradores da cidade, e teve como motivação a falta de licenças ambientais para funcionamento. Uma das permissões exigidas estaria vencida desde 2003.

A Petrobras poderá recorrer da decisão junto ao próprio juizado que determinou o fechamento ou apresentar novas licenças.

A refinaria tem capacidade de refino de 30 mil barris de petróleo por dia e é um dos ativos da Petrobras no exterior que está à venda, dentro da estratégia do grupo de concentrar investimentos na exploração do pré-sal, no Brasil. A fábrica representa cerca de 5% da capacidade de refino total da Argentina, de 627 mil barris por dia.

A unidade de Bahía Blanca passou por outros problemas recentemente. Em 2011, ficou fechada por alguns dias em função da morte de um operário por uma explosão.

OUTRO LADO

A Petrobras Argentina afirmou que foi notificada e que já cumpriu as exigências das autoridades. A empresa já recorreu.

"A Petrobras Argentina está realizando todos os esforços necessários para mitigar os impactos da medida com o objetivo de garantir o fornecimento de produtos aos seus clientes enquanto espera uma solução favorável", informou, em nota. "A Petrobras reafirma seu compromisso com o fiel cumprimento dos requisitos ambientais e as normas de segurança operacional, dos países onde atua."

VENDA

A Petrobras negocia a venda de participação em ativos na Argentina para a Oil Combustibles por cerca de US$ 400 milhões.

Na Argentina, a Petrobras possui 100% da refinaria Ricardo Eliçabe, em Bahia Blanca, e também participação de 28,5% na refinaria do Norte (Refinor), na Província de Salta. A Petrobras também atua na Argentina em distribuição de combustíveis, petroquímica, geração de energia elétrica e gasodutos.

Há anos existe uma insatisfação na estatal com os resultados da subsidiária e com o controle de preços de combustíveis no país vizinho. A questão, no entanto, é delicada por causa da proximidade do governo brasileiro o de Cristina Kirchner.

Em um primeiro sinal de que preparava a saída do país, a Petrobras vendeu uma refinaria na Argentina no ano passado. O segmento é o que dá mais prejuízo por causa do controle de preços.

PETROBRAS ARGENTINA

Em 2012, a Petrobras Argentina (que controla unidades na Bolívia, Venezuela e outros países da América do Sul) lucrou R$ 256 milhões, 16% a menos que em 2011. A queda do lucro, no entanto, foi menor do que o da Petrobras como um todo (36%).

A operação na Argentina e nos demais países sob o guarda-chuva da subsidiária do país vizinho geraram um faturamento de R$ 4,8 bilhões em 2012 --apenas 1,7% do total da Petrobras.

Somente na Argentina, onde está a maior parte das operações, a produção de óleo e gás somou 91 mil barris/dia --3,5% da produção total de óleo e gás da Petrobras (2,598 milhões de barris/dia).

Após anos em declínio, houve alta da extração de 6% na Argentina no ano passado graças ao início de produção de novos campos.


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