Folha de S. Paulo


Donos de albergues relatam prazer e senso de oportunidade

Ter viajado bastante e ficado em diversos hostels é um dos fatores que estimulam jovens empreendedores a entrar no segmento. Para muitos, a ideia é investir em algo que alie uma oportunidade de mercado a um prazer antigo.

Foi o que ocorreu com o casal holandês Ludmila Corbet, 32, e Frodo Lodewijk Eggens, 34. Em Amsterdã, ele era subgerente de um hostel e ela trabalhava em um banco. Acostumados a viajar e se hospedar em albergues, quando vieram a São Paulo, quatro anos atrás, perceberam que havia poucos estabelecimentos do gênero.

"A gente sabia gerenciar um hostel na Holanda. Não deveria ser tão diferente em São Paulo", diz Corbet.

Daí nasceu o 3Dogs Hostel, aberto na Vila Mariana, zona sul, há três anos. Mas o casal logo teve de lidar com diferenças culturais. "O Brasil é muito burocrático, tem muitas regras", diz Eggens. "Até hoje estamos aprendendo a lidar com a cultura local e com clientes brasileiros."

Para Gabriel Meredig, 24, ter morado na Irlanda por três anos e conhecido muitos albergues nas viagens pela Europa foi determinante para abrir o Green Grass Hostel no Belém, zona leste de São Paulo.

Conhecer pessoas de culturas diferentes e colecionar histórias estão entre os prazeres que Meredig encontra no negócio.

"Um dia estava na porta do hostel lamentando a baixa ocupação. De repente, parou um ônibus. Era a seleção brasileira de hóquei, que procurava um lugar com 14 camas. Foi uma correria para atender a todos", conta ele.

Para a historiadora Marina Moretti Amaral, que desde 2007 administra o Ô de Casa Hostel, na Vila Madalena, zona oeste, "é o melhor trabalho do mundo, mas ainda é trabalho".

Ela conta que conheceu o conceito de albergue em suas viagens e que a cidade era muito carente de estabelecimentos do tipo.

Trabalhar num ambiente que tem "clima de férias" e conhecer personagens inusitados de várias partes do mundo estão entre os prazeres do negócio, afirma a empresária. (ROGÉRIO DE MORAES)


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