Folha de S. Paulo


Conheça dois emblemas de Andrea Alciato, jurista italiano do século 16

SOBRE O TEXTO Estes dois poemas fazem parte da "Emblemata" ou "Livro de Emblemas" (1521), escrito pelo italiano Andrea Alciato (1492-1550), importante jurista, escritor e professor da primeira metade do século 16. Os emblemas têm duas partes interligadas: um mote ou título, com a formulação da história, seguido de um epigrama ou texto curto, em que se desenvolve didaticamente a formulação proposta na primeira parte.

Zé Otavio
Ilustração de Zé Otávio para Ilustríssima
Ilustração de Zé Otavio

Emblema LXIX

Philautia

Como em demasia tua forma a ti, Narciso, agradava,

ela (a forma) converteu-se em flor e numa planta de conhecido estupor.

Decadência do engenho e sua ruína é o "Amor próprio",

que muitos homens doutos afunda e afundou:

aqueles que buscam como novos princípios os abandonados pelo método dos antigos

nada trazem além de suas próprias fantasias.

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Emblema CLXXXVIII

A mente, e não a forma, pode mais

Uma raposa entrou na pérgula de um diretor de coro:

achou uma cabeça humana finamente lavrada por um artista

e tão elegantemente fabricada, como se somente um sopro

faltasse, no restante parecia viva.

Tomando-a em suas mãos, disse:

Oh, que cabeça é esta! Mas não tem cérebro.

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ANDREA ALCIATO (1492-1550) foi um jurista e escritor italiano

LUIZ ARMANDO BAGOLIN, 53, doutor em filosofia, é pesquisador do IEB (Instituto de Estudos Brasileiros) da USP e ex-diretor da Biblioteca Mário de Andrade

ZÉ OTAVIO, 33, é ilustrador


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