Folha de S. Paulo


Marcos Veras abre seu arquivo para falar de Jô Soares

São Paulo, 2009

Em 2009,o "Programa do Jô" exibia um quadro chamado "Humor na Caneca", em que comediantes se apresentavam com números de "stand-up comedy" de aproximadamente quatro minutos. Aquele era um espaço ímpar para um tipo de comédia que ainda estava engatinhando no Brasil.

E eis que me vi naquele palco fazendo meu número, feliz e realizado, conseguindo a tal credibilidade que todo comediante almeja. Tinha chegado ao "Programa do Jô".

Alguns meses depois, fui chamado para uma entrevista, ou seja, para sentar no sofá do Jô, o que vai além da credibilidade; constitui o sonho de muitos artistas e anônimos. A partir dali, muita coisa na minha carreira deslanchou.

acervo pessoal
Jô Soares e Marcos Veras em foto de 2012
Jô Soares e Marcos Veras em foto de 2012

A internet naquela época já reverberava o que tinha sido mostrado na televisão no dia anterior, principalmente o que aparecia no "Jô". Duvida? Pergunte a qualquer comediante da minha geração que tenha ido ao programa. Todos falarão de um "antes e depois" da passagem por aquele estúdio.

Em 2010, fui novamente ao programa ser entrevistado. Desta vez, cheio de medo. Por quê? Porque a primeira entrevista, para mim, tinha sido tão incrível que eu tinha pavor de a segunda apagar o sucesso daquela.

E não é que essa conversa até superou a primeira? No fim, Jô se levantou, aplaudindo. Não entendi nada. Achei que algum membro da família Marinho tinha adentrado o estúdio.

Em 2011, repeti a dose. Começou então uma relação de amor, amizade e gratidão com Jô Soares. Fui chamado a seu camarim ao fim da gravação. Ele queria me convidar a protagonizar um espetáculo teatral sob sua direção. Disse que ia me mandar o texto. Mas topei a empreitada sem nem ler a dramaturgia.

Ele ficou surpreso. "Como assim você vai aceitar antes de ler?". Ao que respondi: "Quero trabalhar com você, Jô". E fui feliz na aposta. Além do texto ousado de Maurício Guilherme, tive o prazer de trabalhar com um dos maiores nomes da arte brasileira.

"Atreva-se" ficou em cartaz por três anos, com sucesso de crítica e público, nas principais capitais brasileiras. Foi uma das experiências mais ricas da minha carreira.

A parceria não terminou ali. Depois da longa temporada da peça, ainda voltei ao sofá do Jô algumas boas vezes para tagarelar.

MARCOS VERAS, 36, ator, volta ao cartaz com "Acorda pra Cuspir", no teatro Nair Bello, em São Paulo, no dia 20/1.


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