Para Antonio Candido, 97, intelectual histórico da USP e referência da crítica literária sociológica no país, nada justifica a tentativa de destituir a "destemida" presidente Dilma Rousseff de suas funções.
Em sentido contrário, seu colega de universidade, o sociólogo e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, 84, defende o impedimento. "Acho que a melhor alternativa é tristemente a do impeachment", diz ele em enquete que a "Ilustríssima" promoveu com 31 intelectuais.
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As opiniões são variadas –e não se limitam a apoiar ou não o processo contra a presidente. A ideia, por exemplo, de que só novas eleições podem encerrar a crise e legitimar um futuro governo é compartilhada pelo antropólogo Antonio Risério, 62, que colaborou com as campanhas de Lula, e pelo economista Eduardo Giannetti da Fonseca, 59, que contribuiu com o programa econômico de Marina Silva (Rede).
É previsível que entre a intelligentsia as visões contrárias ao impedimento prevaleçam.
O crítico Roberto Schwarz (que expõe sua posição neste levantamento de maneira indireta, mas sugestiva) já observara no ensaio "Cultura e Política, 1964-69", que, apesar do golpe militar de 64, a esquerda continuou a desfrutar de marcante hegemonia no território da cultura –um quadro que em, linhas gerais, com marchas e contramarchas, manteve-se até o presente.
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Nem todos que se opõem à deposição da mandatária, contudo, são petistas ou votaram no atual governo. O artista plástico Nuno Ramos opõe-se à cassação do mandato de Dilma pelo Legislativo, embora não a tenha escolhido na última eleição –preferiu anular seu voto.
Os intelectuais ouvidos pela reportagem expressam suas convicções sobre a crise política em curso. Alguns foram breves, outros preferiram o formato de pergunta e resposta, e outros, ainda, enviaram textos de próprio punho.
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RICO LINS, 60, é designer gráfico e ilustrador. Até 15 de maio, expõe cartazes de sua criação na mostra "Marginais Heróis", no Museu da Casa Brasileira, em SP.