Folha de S. Paulo


Diário de Londres - 200 anos de Waterloo

Na manhã de 19 de junho de 1815, o capitão William Turnor, um inglês de 33 anos, escreveu uma carta para um amigo direto do campo de batalha de Waterloo.

No dia anterior, o capitão e as tropas britânicas comandadas pelo duque de Wellington, com o apoio dos prussianos, haviam derrotado o Exército francês de Napoleão Bonaparte.

O triunfo impôs uma das vitórias mais celebradas até hoje pelos ingleses, liquidando de vez Napoleão e pondo fim a seu período de cem dias de retorno à França após deixar o exílio na ilha de Elba.
O capitão Turnor descreveu aquele dia como o "mais sangrento" e "mais decisivo" da batalha.

"Os franceses lutaram com desespero. Estou plenamente convencido de que não há no mundo outra tropa senão a inglesa que poderia ter obtido a vitória, numa ação brutalmente corajosa", escreveu o militar.

A íntegra da carta foi revelada no último 1º de maio, com outros materiais, numa exposição que vai até setembro na Universidade de Cambridge para celebrar os 200 anos da batalha que encerrou 20 anos de disputa no continente.

Todo o arquivo foi entregue pelo atual e 9º duque de Wellington, Charles Wellesley. O gesto se soma a uma série de festividades organizadas pelo Reino Unido, várias delas em Londres, para celebrar os dois séculos da vitória sobre as tropas de Napoleão Bonaparte, enviado depois para a ilha de Santa Helena, onde morreu.

Segundo historiadores, o duque de Wellington teve a chance de matar Napoleão após a vitória, mas pediu a seus homens para baixarem as armas.

SALVADOR DA PÁTRIA

No Arco de Wellington, projetado e construído entre 1825 e 1830 no Hyde Park, em Londres, uma exposição inclui até as chamadas "Wellington boots", botas a prova d'água usadas pelo duque e que são populares até hoje.

A exibição na capital britânica inclui também a abertura da Apsley House, conhecida como "Número 1 de Londres" -a casa onde o duque viveu.

Quem esticar ao Museu Britânico e ao Castelo de Windsor também encontrará material inédito sobre a celebração do conflito.

Uma exposição na National Gallery exibe retratos do duque, o homem que, segundo os ingleses, "salvou a nação". A coleção de pinturas com sua imagem vai desde os tempos de juventude, em 1795, como soldado, até o período pós-batalha, quando já gozava do prestígio conquistado por ter batido Napoleão.

REALEZA MAIS POBRE?

A princesa Charlotte Elizabeth Diana nasceu no começo do mês diante da pompa midiática de sempre e do imaginário popular sobre a família real britânica. Mas a herança do novo bebê real parece ter encolhido. A fortuna da bisavó de Charlotte, a rainha Elizabeth 2ª, diminuiu £ 4,86 bilhões (quase R$ 20 bilhões) nos últimos 26 anos.

Pela primeira vez, ela deixou de figurar na lista dos 300 mais ricos da Inglaterra, divulgada anualmente pelo jornal "The Sunday Times". Agora, a rainha aparece na 302ª posição, com £ 340 milhões. O jornal britânico tem uma explicação: diz que, nesse período, seu ranking deixou de considerar as obras de arte para avaliar a fortuna -e assim ela foi ultrapassada por investidores estrangeiros, alguns de países como Rússia e Índia.

SEM PERDER A CHAMADA...

As escolas públicas britânicas estão querendo multar em até £ 60 (quase R$ 300) os pais de filhos que se atrasam para as aulas. O valor pode dobrar se não for pago no prazo de três semanas. As autoridades de cada bairro já estão avisando as famílias de que, em caso de recusa em quitar a multa, poderão ser processadas e até presas. Hoje, as escolas já podem aplicar multas por faltas -estima-se que 64 mil penalidades tenham sido efetivadas entre 2013 e 2014.

Os moradores do bairro de Islington, em Londres, receberam um guia informando que a pena será imposta a quem chegar atrasado por 12 vezes durante o período de seis semanas de aula.

A tolerância britânica costuma ser de 30 minutos após a abertura dos portões. Para se livrar da multa, só com boas justificativas, como problemas dentários ou doenças. As autoridades prometem bom senso e discrição na análise de cada caso.

LEANDRO COLON, 34, é correspondente da Folha em Londres.


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