Folha de S. Paulo


Da busca por um achado tecnológico nasceu a gosma que emula a comida

RESUMO Sob a tese de que na sociedade atual refeições são perda de tempo, nerds norte-americanos misturaram os nutrientes necessários à sobrevivência e criaram o Soylent. A reportagem a seguir esclarece se há de fato novidade no produto que virou hit nos EUA e quais as implicações do seu consumo para a saúde humana.

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Em dezembro de 2012, três jovens estavam morando num apartamento claustrofóbico no bairro Tenderloin, em San Francisco, trabalhando numa start-up tecnológica. Tinham recebido US$ 175 mil da incubadora de empresas Y Combinator, mas seu projeto -um plano para construir torres de telefonia celular de baixo custo- tinha fracassado. Restando apenas US$ 70 mil, decidiram continuar a pesquisar novas ideias de softwares, até o dinheiro se esgotar. Mas como fazer o dinheiro render por mais tempo? O aluguel era um custo irrecuperável. Como estavam trabalhando freneticamente, já não tinham vida social. Quando examinaram seu orçamento, viram que ainda restava um problema sério: a alimentação.

Eles estavam vivendo principalmente de miojo, salsicha no palito e quesadillas congeladas do atacadista Costco, além de comprimidos de vitamina C, para evitar o escorbuto. Mesmo assim, os gastos com comida se acumulavam. Rob Rhinehart, um dos empreendedores, começou a sentir raiva do próprio fato de ser obrigado a comer.

"A comida era um fardo. Também havia a questão do tempo e do trabalho perdidos. Nossa cozinha era minúscula, e não tínhamos máquina de lavar louça." Ele experimentou viver sua própria versão de "Super Size Me", consumindo apenas as opções mais baratas do McDonald's e pizzas de US$ 5 da Little Caesars. Mas contou que, depois de uma semana, sentia-se "à beira da morte". A couve-galega estava na moda e custava pouco, então ele tentou uma dieta à base dessa couve. Mas também não funcionou: "Eu estava morrendo de fome".

Rhinehart, de 25 anos, estudou engenharia elétrica na Georgia Tech. Ele começou a perceber a comida como um problema de engenharia. "Precisamos de aminoácidos e de lipídios, não do próprio leite", explicou. "Precisamos de carboidratos, mas não de pão." Frutas e verduras fornecem vitaminas e minerais essenciais, mas são compostas "principalmente de água". Rhinehart começou a achar que a comida era uma maneira pouco eficiente de obter o que ele precisava para sobreviver. "Parecia um sistema complexo demais, caro demais e frágil demais."

E se ele procurasse diretamente os componentes químicos básicos? Ele deu um tempo nos experimentos com softwares e estudou livros didáticos sobre bioquímica nutricional e os sites da FDA (agência de vigilância sanitária dos EUA), do Departamento de Agricultura e do Instituto de Medicina. Compilou uma lista de 35 nutrientes necessários à sobrevivência. E então, em vez de ir ao supermercado, encomendou os nutrientes pela internet -em sua maioria sob forma de pó ou comprimidos- e colocou tudo num liquidificador, com água. O resultado, uma mistura de substâncias químicas, pareceu uma limonada gosmenta. "Então comecei a viver disso", disse Rhinehart. Ele batizou sua poção de Soylent, nome que, para a maioria, evoca o filme de ficção científica "Soylent Green" ("No Mundo de 2020"), de 1973, com Charlton Heston. A história acontece em um futuro distópico onde, devido à superpopulação e à poluição, as pessoas se alimentam de bolachas misteriosas chamadas Soylent Green. O filme termina com a revelação horripilante de que as bolachas são feitas de carne humana.

EURECA!

Os colegas com quem Rhinehart vivia reagiram com ceticismo. Continuaram a comprar comida no Costco. Depois de um mês, Rhinehart publicou os resultados de seu experimento num blog, sob o título "Como parei de comer comida". O post tem um tom de "eureca!". Rhinehart escreveu que a poção química era "uma delícia! Eu me sentia como se tivesse acabado de tomar o melhor café da manhã de minha vida". O fato de tomar Soylent estava lhe poupando tempo e dinheiro: seus gastos com alimentação tinham caído de US$ 470 mensais para US$ 50. E, fisicamente, escreveu, "me sinto como o Homem de Seis Milhões de Dólares. Meu físico melhorou nitidamente, minha pele melhorou, meus dentes estão mais brancos, meu cabelo ficou mais espesso, e não tenho mais caspa". Ele concluiu: "Não como comida sólida nenhuma há 30 dias, e isso mudou minha vida". Em poucas semanas seu post era o mais comentado do site Hacker News, um ponto de encontro virtual do setor tecnológico. As reações eram polarizadas. "Descanse em paz, Rob", foi um comentário deixado no blog de Rhinehart. Mas outras pessoas pediram sua fórmula, que, no espírito do movimento do "open source" (código aberto), ele postou.

Alex Cerveny

Um dos produtos culturais do Vale do Silício nos últimos dez anos tem sido o conceito do "lifehacking": criar truques que ajudem a reduzir as obrigações do dia a dia, para liberar tempo para o que você preferiria estar fazendo. A "comida do futuro" criada por Rhinehart parecia ser uma ideia inteligente. "Lifehackers" de vários lugares começaram a testá-la e a criar suas versões. Em pouco tempo, comentaristas no Reddit estavam discutindo a dose apropriada de pó de cálcio e de magnésio. Rhinehart disse que, depois de três meses, percebeu que o shake criado por ele podia dar origem a uma empresa: "Ela agregava mais valor à minha vida que qualquer aplicativo". Ele e seus colegas de quarto deixaram de lado suas ideias de softwares e mergulharam no negócio da comida sintética.

Para atrair verbas, voltaram-se à internet: criaram uma campanha de "crowdfunding" com a qual as pessoas podiam receber Soylent suficiente para uma semana, por US$ 65. Eles começaram com a meta de levantar US$ 100 mil e a esperança de alcançá-la em um mês. Mas, conta Rhinehart, quando abriram a campanha para doações, "recebemos esse montante em duas horas". No início de maio deste ano, as primeiras 30 mil unidades de Soylent produzidas comercialmente foram enviadas a fregueses de todas as partes dos EUA. Além do dinheiro obtido com o "crowdfunding", a produção foi financiada por investidores do Vale do Silício, incluindo a Y Combinator e o fundo de investimentos Andreessen Horowitz, que contribuiu com US$ 1 milhão.

O Soylent foi saudado pela imprensa como "o fim da comida", o que evoca uma perspectiva um tanto árida. A descrição traz à mente um mundo sem pizzarias ou barracas de pastéis, em que, em vez de bolo de banana, nossas cozinhas teriam estoques de um pó bege, e nossas macarronadas e idas à sorveteria dariam lugar a noites bebericando gosma. Mas Rhinehart diz que não é exatamente essa sua visão. "As pessoas esquecem a maioria das refeições que fazem." Ele imagina que, no futuro, "haverá uma separação entre as refeições utilitárias e funcionais que fazemos e as refeições de socialização e prazer".

O Soylent não se destina a fazer parte de nossos encontros dominicais. Ele disputará lugar com as quesadillas congeladas.

CLUBE

Pouco depois de o primeiro lote de Soylent ser enviado aos compradores, visitei Rhinehart e sua equipe na nova sede deles, uma casa espaçosa no bairro Studio City, em Los Angeles (eles se mudaram de San Francisco há seis meses, em busca de um aluguel mais barato). Rhinehart abriu a porta de jeans, camiseta preta com gola em V e tênis pretos. Sua aparência era saudável, e isso é animador: há um ano e meio ele vive quase exclusivamente de Soylent, ou "90% de suas refeições".

Rhinehart pode parecer um jovem missionário: tem feições finas, uma voz suave e um modo de andar duro, com o corpo esticado. Apesar de fazer parte da geração do milênio, ele tem um jeitão que não dá margem a que se adivinhe sua idade, como alguém que não envelhece -e isso faz sentido, já que o Soylent inverte muitas das tendências comportamentais da geração que inventou o almoço compartilhado no Instagram.

Temas como cultura pop e fofocas não costumam vir à tona em suas conversas, e ele parece indiferente à cultura do consumo sob qualquer forma. Passei uma tarde longa assistindo a uma reunião de um "clube" em que ele e alguns amigos trocavam perguntas como "você acha que a lógica microfluídica pode ter aplicações fora do diagnóstico?".

Mas ele tem senso de humor, é irônico e seco. Em seu blog, Rhinehart escreve esquetes cômicos nos quais promove invenções imaginárias (gatinhos geneticamente modificados: "O futuro é miau").
Antes de ir para a sede da Soylent eu tinha feito uma parada numa casa de sucos da moda. Cheguei carregando um suco de US$ 9 extraído por compressão a frio e servido numa garrafa de vidro como as usadas para leite.

Rhinehart examinou a bebida como se fosse uma ponta de flecha de pedra lascada. "É um pouco arcaico", falou, e observou que o suco era feito sobretudo de açúcar. "Veja o design. A ideia é que seja rústico, natural e cômodo. Na realidade, é quase nocivo para você."

AMBROSIA

A ideia de que possamos nos alimentar de algo mais puro e mais eficaz que a comida faz parte de nossa fantasia coletiva há muito tempo. Os gregos antigos escreveram sobre ambrosia, o alimento dos deuses, que conferia imortalidade a quem a consumisse. O início da era espacial levou pessoas a fantasiar com "refeições em pílulas"; em "As Crônicas Marcianas", de Ray Bradbury, um personagem guarda numa caixa de fósforos pílulas alimentares suficientes para várias semanas; em "Os Jetsons", as pílulas alimentares produzem sensações gustativas deliciosas, mas podem provocar indigestão.

Alex Cerveny

Rhinehart diz que, na verdade, tirou o nome Soylent do romance de ficção científica que inspirou "Soylent Green" -"Make Room! Make Room!" (1966), de Harry Harrison, no qual uma combinação de soja e lentilhas vira a solução para os problemas decorrentes da superpopulação. Os sonhos alimentares podem facilmente virar pesadelos: há o chiclete desastroso de Willy Wonka, que vale por um jantar com três pratos, e, em "Matrix", os humanos são criados sinteticamente em cápsulas, onde são alimentados com os restos liquefeitos de outros humanos, bombeados por cordões umbilicais.

Hoje, avanços tecnológicos criaram uma nova onda de ansiedade sobre nosso presente comestível e uma nostalgia crescente do tempo anterior aos lobbies corporativos da indústria alimentícia, aos legumes geneticamente modificados, à agroindústria e ao pesticida Roundup. O Soylent nasceu em San Francisco, do outro lado da baía em relação ao restaurante Chez Panisse, de Alice Waters, que hoje tão bem define a gastronomia burguesa nos Estados Unidos. Os restaurantes californianos que empregam ingredientes vindos diretamente do campo servem aos comensais alimentos que estavam fora de moda desde a agricultura da Idade do Bronze (pensei por um instante em comprar uma salada de painço para acompanhar meu suco extraído a frio).

Mas o etos da comida "do campo para a mesa" passou ao largo da classe trabalhadora, que, em vez disso, é relegada às consequências da indústria alimentícia de baixo custo: obesidade, diabetes e, ironicamente, subnutrição.

Rhinehart não é fã de fazendas, que vê como "fábricas altamente ineficientes". Ele acha que a agricultura deveria industrializar-se mais, não menos. "É a mão-de-obra que me incomoda", ele diz. "O trabalho agrícola é um dos mais perigosos e sujos que existem e é tradicionalmente feito pela classe mais baixa. Há muito trabalho manual, feito a pé. Claro que isso devia ser automatizado."

GELADEIRA

Ele me levou a um tour na sede da Soylent, que é também onde moram alguns funcionários e lembra a residência levemente fora de moda de um chefão do tráfico em "Miami Vice": pisos pretos reluzentes, sofás brancos modulares, janelas imensas e uma piscina no quintal. Mas os grandes sacos de pó branco que eram pesados no subsolo estavam cheios não de cocaína, mas de nutrientes -proteínas, potássio- e de goma xantana (um espessante). A cozinha estava vazia, com a exceção de um liquidificador. Rhinehart abriu a geladeira e anunciou: "A geladeira de um universitário do futuro". Ela continha Miller Lite (cerveja), temperos e uma jarra de Soylent. Observei um saquinho de minicenouras: comida! Rhinehart, que se refere a alimentos que não sejam Soylent como "comida recreativa", explicou que um de seus colegas as tinha trazido para servir de lanche, só para curtir.

Ele tirou o Soylent da geladeira. A fórmula pela qual ele e sua equipe se decidiram abrange todos os principais grupos alimentares. Os lipídios vêm de óleo de canola, os carboidratos, da maltodextrina e da farinha de aveia, e a proteína, de arroz. A isso eles somaram óleo de peixe (para o ômega-3; os veganos podem substituir o óleo de peixe por óleo de linhaça) e doses de diversos minerais e vitaminas: magnésio, cálcio, eletrólitos. Rhinehart reluta em associar o Soylent a qualquer sabor; por isso, por enquanto o produto contém apenas um pouco de sucralose, para mascarar o sabor das vitaminas. Isso parece combinar com sua ideia de que o Soylent deve ser um produto utilitário. "Acho que a melhor tecnologia é aquela que desaparece", Rhinehart comenta. "A água não tem muito sabor, mas é a bebida mais popular do mundo." Ele ergueu o jarro de líquido bege amarelado. "Aqui há tudo que seu corpo necessita", falou. "Quer experimentar um pouco?"

Alex Cerveny

As pessoas tendem a achar o gosto de Soylent familiar: a sensação predominante á de pastosidade. O líquido é suave e insoso, um pouco granuloso, e tem uma reconfortante consistência espumenta. Já soube de gente que comparou o gosto ao de mingau de semolina ou ao "do [laxante] Metamucil que meu avô tomava". Bebi um pouco e tive a sensação não desagradável de estar bebericando goles de massa de panqueca aguada. Não era ruim. Tomei mais um pouco -e, de súbito, tive que parar. Tinha a sensação de estar muito estufada. "Quanto foi que tomei?" Rhinehart avaliou o copo. "Umas 150 ou 200 calorias", respondeu. "Mais ou menos o equivalente a uma barra de granola."

O quarto de Rhinehart quase não tem decoração, exceto por livros científicos e tecno-utópicos: Steven Pinker, Isaac Asimov, R. Buckminster Fuller, o futurista criador do domo geodésico, que Rhinehart admira por combinar criatividade libertária e pragmatismo (e a quem trata pelo apelido, Bucky). Ele apontou para um pôster na parede que mostrava os caminhos metabólicos no corpo humano. "Esta é a vida: uma reação química ambulante", explicou. "Bucky vê o corpo como uma máquina hidrelétrica."

Rhinehart disse que, em termos de política, é um "libertário desviado". Ele acredita na maximização da liberdade, mas rejeita os desperdícios do capitalismo. "As coisas não têm valor", disse. Em um esforço para otimizar o processo de vestir-se, ele alterna entre dois jeans e encomenda via Amazon camisetas de náilon ou poliéster que usa por algumas semanas antes de doá-las. Quando as roupas começam a cheirar mal, ele as coloca no freezer para que o odor ruim se desfaça. "Às vezes, durante o dia, bastam duas horas. Enquanto isso, fico de toalha."

'BOY BAND'

No cômodo que seria o quarto de casal, os outros membros da equipe da Soylent estão trabalhando em seus laptops. Eles lembram uma "boy band" de nerds. Matt Cauble tem visual de surfista; Dave Renteln, no passado presidente do time de rúgbi de Harvard, é musculoso; John Coogan é esguio e meigo, e Julio Miles ostenta uma barba ao estilo Guerra Civil.

Como Rhinehart, esses jovens são todos exemplos rematados do estilo de vida Soylent. Renteln tinha perdido um pouco do peso extra de seus tempos universitários, e Coogan disse que sentiu "um ganho saudável de peso" desde que começou a viver de Soylent. Ele mede 2,03 metros. Na época em que eles viviam de miojo, tinha dificuldade para conseguir consumir as calorias suficientes.
"Acho que estamos bonitos", afirma Rhinehart.

Perguntei se eles tinham realmente planejado dar a seu produto o nome "Soylent" -que, segundo minha pesquisa de campo extraoficial, evoca associações desagradáveis com "soja" e "solo" ou, ainda pior, a repetição assustadora do bordão do filme: "Soylent Green é feito de pessoas!".

"Todo mundo sugeriu que mudássemos o nome", Rhinehart respondeu. "Os investidores, pessoas da mídia, minha mãe." "Minha mãe também", emendou Renteln.

Rhinehart disse que gosta da natureza modesta do nome e de como ele ironiza as sensibilidades dos gourmets. "O etos geral do natural, do fresco, do orgânico, do alegre -isso aqui é o contrário."

MARKETING

A alimentação líquida é dada a pacientes em hospitais há décadas. Cinquenta anos atrás, quando um paciente estava tão doente que não conseguia se alimentar, os médicos batiam comida normal no liquidificador e a "serviam" por tubos.

Alex Cerveny

Com o tempo, empresas como a Abbott Nutrition, fabricante do suplemento nutricional Ensure, começaram a atuar nesse campo. Os produtos substitutos da comida ficaram mais científicos.

No início dos anos 1960 a Nasa celebrizou as bebidas em pó ao usar Tang nos voos espaciais; de acordo com Bruce Bistrian, chefe de nutrição clínica do Centro Médico Beth Israel Deaconess, em Boston, todo esse setor passou a crescer exponencialmente. Entre os anos 1960 e os 1990, produtos líquidos para substituir refeições ganharam popularidade como emagrecedores, porque com eles era fácil quantificar o número de calorias consumidas.

Foi a era do Metrecal, do Slim-Fast e do "um shake no café da manhã, um shake no almoço e um jantar ajuizado". Hoje os candidatos a fisiculturistas tomam Muscle Milk, um shake de proteínas feito para promover o acréscimo da massa muscular. Observando que a ideia por trás do Soylent não é "ciência de vanguarda", Bistrian comentou: "Qualquer bom nutricionista poderia reunir esses ingredientes nas quantidades corretas e produzir uma fórmula como essa".

Talvez a principal diferença entre o Soylent e bebidas como Ensure e Muscle Milk esteja no marketing: o produto -e o misto de nutrientes balanceados- é feito para pessoas que trabalham em escritórios ou cubículos e buscam eficiência, e não para homens que malham na academia ou para idosos. Desde o ponto de vista de seus investidores, essa estratégia pode ser o suficiente para o sucesso.

Sam Altman, da Y Combinator, menciona o Google e o Facebook e observa que sites de busca e redes sociais já existiam antes de eles serem criados. "Podemos dizer que a maioria das ideias não é nova", ele ponderou. "Muitas vezes elas apenas não foram bem executadas ou promovidas."

Rhinehart tende a enfatizar outra coisa relativa a seu produto: a ideia de que seria possível viver unicamente de Soylent. Chris Running, que foi presidente da Muscle Milk e é assessor da Soylent, considera essa ideia "mais ousada".

Os médicos com quem conversei me disseram que seria possível, sim, sobreviver apenas com Soylent. Mas seria recomendável?

A discussão gira em torno principalmente de substâncias encontradas na comida de verdade, especialmente os fitoquímicos, encontrados em plantas. Esses compostos não são essenciais à sobrevivência, pelo que se sabe, mas estudos epidemiológicos revelam que eles parecem proporcionar benefícios importantes à saúde. O licopeno, responsável pela cor vermelha dos tomates, já foi vinculado a índices mais baixos de câncer de próstata; os compostos flavonoides, responsáveis pela cor azul dos mirtilos (e que estão presentes no chocolate), foram associados a índices mais baixos de diabetes.

A ciência por trás de como nossos corpos utilizam essas substâncias não é compreendida com precisão. Mas Walter Willett, presidente do departamento de nutrição da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, disse que não seria aconselhável abrir mão deles. "É um pouco de presunção pensar que sabemos tudo que faz parte de uma dieta saudável. E nós estamos preocupados em muito mais do que apenas sobreviver."

ESTRADA

Era um dia quente e estávamos na estrada, tendo entre nós uma garrafa d'água cheia de Soylent. Rhinehart tinha me convidado para acompanhá-lo numa viagem a El Segundo para encontrar outro tecnólogo alimentar: Ethan Brown, o CEO da Beyond Meat, empresa que usa a proteína encontrada em ervilhas e soja para criar substitutos de frango e carne bovina. Brown tinha estacionado uma picape diante da Whole Foods e estava distribuindo tacos de graça. O ambiente na picape era festivo: tocava soul nos alto-falantes, e vendedores ofereciam "tacos de graça!". As pessoas que faziam compras na Whole Foods paravam para olhar, espantadas. Um cartaz sobre a picape proclamava: "CARNE DE VERDADE. Proteína 100% vegetal". Rhinehart usava jeans, sua camiseta preta com gola em V e uma jaqueta fina de couro. Ele colocou seu vidro de Soylent numa bolsa de mensageiro e fomos encontrar Brown, o candidato a magnata de falsa carne.

Alto, na casa dos 40, Brown trajava shorts de ginástica e boné de beisebol. Ele e Rhinehart trocaram dicas sobre separação de proteínas, e então Brown pegou um taco e abriu um pedaço de "frango". A substância branca se assemelhava surpreendentemente à carne de frango; o gosto era ligeiramente gorduroso, e a textura lembra uma fibra muscular. "Está vendo como isso aqui é resistente?", Brown perguntou. "É isso que realmente nos diferencia."

Para que se dar a tanto trabalho para fazer o produto se parecer com carne? Brown explicou que o maior problema da tecnologia alimentar é cultural. "As pessoas comem carne há 2 milhões de anos. São condicionadas a gostar de carne e adoram tudo que a acompanha: o Dia de Ação de Graças, o Natal, as partidas de beisebol." A picape estava ali para demonstrar que a carne bovina e de frango feita de plantas podia fazer parte de um estilo de vida tipicamente americano.

Uma mulher de meia idade que fazia compras na Whole Foods parou para experimentar um taco. Brown fez seu discurso promocional. "Você pode curtir tudo que gosta de curtir com carne", afirmou.
A mulher pareceu receptiva. "Como ela é embalada?", quis saber.

Rhinehart ficou em segundo plano. Ele ainda tinha um vidro de Soylent em sua bolsa, mas não parecia disposto a fazer a promoção. Finalmente um homem barbado, de camisa sem mangas e boné de camuflagem, aproximou-se da picape de tacos. Seu nome era Perry Gillotti. Ele experimentou o taco que Brown lhe ofereceu e, depois de mastigar por um minuto, opinou: "É bom".

Rhinehart entrou na conversa. Timidamente, perguntou se Gillotti gostaria de experimentar um pouco de Soylent.

"Soylent?"

"É um substituto de refeições", Brown explicou.

"É um pouco diferente de um substituto de refeições", Rhinehart o corrigiu. "É uma espécie de substituto completo da comida. Teoricamente, seria possível viver apenas disso. Na realidade, você seria muito saudável [se o fizesse]."

Gillotti ergueu as sobrancelhas. "Você poderia me lançar ao espaço e eu poderia viver deste negócio?"

"Esse é o plano", Rhinehart respondeu. Adotando a voz ligeiramente tensa de alguém que faz propaganda de um produto, ele apresentou a garrafa. "Custa pouco, é fácil... É só acrescentar água; nem é preciso bater no liquidificador." Ele despejou um pouco num copo de plástico e Gillotti o experimentou. E pareceu surpreso.

"É agradável. Não é muito granuloso."

"O que você faz?", Rhinehart indagou. Gillotti disse que era trabalhador da construção civil em El Segundo. Nos fins de semana, pintava cenas da natureza.

"OK", Rhinehart respondeu. "Então você poderia tomar o Soylent durante o dia, enquanto está trabalhando."

Gillotti tirou um iPhone que levava numa capa camuflada e fez uma anotação. "Vou comprar", respondeu. Ele disse que se interessou especialmente pelo Soylent porque é um "preparador": ele mantém um estoque de alimentos e água para seis meses em casa, para o caso de algum desastre apocalíptico. Rhinehart pareceu satisfeito. Ele ergueu o vidro de Soylent: "Sob condições de armazenagem ideais, isso aqui pode durar muito mais tempo".

Enquanto seguia Rhinehart, comecei a me preocupar com uma possível falha em sua proposta comercial: como ele espera ganhar dinheiro com o Soylent quando a fórmula do produto está na internet? Seria difícil imaginar a Coca-Cola fazendo isso. Mas Alexis Ohanian, um dos fundadores do site Reddit e investidor na Soylent, disse que é "a estratégia de marketing mais brilhante possível, embora eles não a enxerguem assim". As legiões de pessoas que estão mexendo com suas próprias fórmulas de Soylent em casa estão aprimorando e difundindo o produto. "É o sonho", comentou Ohanian. Rhinehart tem uma visão mais filosófica: "Se outra pessoa encontrar uma maneira melhor de produzir o Soylent, ainda será um ganho para a humanidade".

FAÇA-VOCÊ-MESMO

Em vista do entusiasmo em torno do Soylent faça-você-mesmo, eu sabia que em algum momento teria de fazê-lo eu mesma. O Soylent pronto chega em forma de pó. A quantidade suficiente para um dia vem em um saquinho plástico que contém 1.500 calorias de pó bege. O óleo, que equivale a 500 calorias, vem num vidrinho separado. A embalagem é digna da era espacial, com letras minimalistas em preto e branco. Dois acessórios são incluídos: uma concha metálica de medida e uma jarra de plástico com tampa que fecha hermeticamente. Para preparar uma refeição, você coloca pó na jarra, acrescenta água, óleo e gelo (este é opcional), e agita tudo. As instruções no pacote avisam: "Jogue fora imediatamente qualquer Soylent que pareça estar rançoso".

Alex Cerveny

Fazer Soylent em casa já é um pouco mais trabalhoso. Gosto de cozinhar, mas, como diz Rhinehart, "não se trata de preparar uma torta". Não é possível acrescentar uma pitada de ferro ou potássio e torcer para ficar bom. (Na fase inicial, Rhinehart fez experimentos com doses maiores ou menores de alguns nutrientes. Menos sódio que o recomendado o fazia sentir-se "grogue". O pior provavelmente foi quando tomou uma overdose de magnésio. "Senti dores agudas em todo o corpo e não conseguia me mexer.")

Entrei no site DIY.Soylent.me, criado pelo programador de computadores Nick Poulden, da região de San Francisco. Para começar, você registra no site seu peso, altura, idade e nível de atividade. Depois escolhe um perfil de nutrientes baseado em várias recomendações oficiais e não oficiais. Um exemplo: "Sujeito Gordo na Casa dos 30 Anos".

Então você monta sua receita. No site, percorri mais de 1.400 variações da fórmula de Rhinehart. Acabei decidindo pela Bachelorette Chow ("rango de solteira"), uma receita à base de farinha de milho que escolhi por sua popularidade -é uma variante da Bachelor Chow ("rango de solteiro"), uma das receitas mais conhecidas- e porque inclui chocolate. Levando em conta meu perfil nutricional ("Mulher Sedentária"), acabei com uma meta de 1.531 calorias diárias.

Rhinehart disse que os nutrientes são "como um quebra-cabeças. Você pode montar as peças de muitos jeitos." Uma função útil do site de Soylent faça-você-mesmo é que ele faz a matemática por você. A partir do momento em que conhece suas necessidades nutricionais, você pode satisfazê-las de muitas maneiras. Se você anotar um ingrediente -por exemplo 20 g de sementes de chia-, o site preencherá seu perfil nutricional. Meus ingredientes incluíam proteína do soro do leite, farinha de aveia, massa de farinha de milho pré-cozida, óleo de soja, açúcar mascavo e sal iodado. Havia ingredientes mais estranhos, sob a forma de minerais e vitaminas em pó, que encomendei num site. Comprei o pó de cacau no armazém local, e, como muitos, decidi tomar um multivitamínico diário, em vez de moê-lo junto com minha fórmula.

Era hora de "cozinhar". Uma noite, na hora do jantar, medi meus pós e óleo, coloquei tudo no liquidificador e acrescentei água. O Bachelorette Chow revelou ser um líquido espesso e marrom com cheiro e sabor avassalador de chocolate e um pouquinho azedo. Era bebível -alguns colegas meus o descreveram como "uma mistura de brownie horrível"-, mas a ideia de viver disso era repulsiva.

Fiquei aliviada quando o Soylent produzido em fábrica chegou pelo correio. Era basicamente a fórmula de Soylent que eu já tinha experimentado em Los Angeles: um líquido bege espesso, granuloso, com sabor ligeiramente fermentado e doce. Comparado com o sabor de minha versão achocolatada, o Soylent padrão era agradável. Comentários na degustação feita no meu escritório: "Shake de proteína feita de cascas", "Um pouquinho melhor do que o negócio que se toma antes de fazer uma colonoscopia".

CHEIRO

Vivi da mistura durante mais ou menos três dias. Muitas das dicas que eu tinha ouvido revelaram-se válidas. O Soylent tem sabor melhor depois de ficar na geladeira de um dia para outro. Ele é mais agradável quando tomado após atividade física -quando você está com fome, sentirá que realmente o deseja. O cheiro é um ponto negativo. Depois de algumas horas, o aroma de massa do Soylent parecia estar por toda parte -em minha boca, no meu hálito, em meus dedos, em meu rosto. E o estômago leva algum tempo para ajustar-se à alimentação líquida: à tarde eu já estava me sentindo como um balão d'água ambulante.

Mas viver de Soylent tem suas vantagens. Como diz Rhinehart, você passa o dia sem altos ou baixos. Se você está trabalhando ao computador e está num pique bom, mas sente fome, não é preciso parar para almoçar. Seu nível de energia se mantém constante.

Alex Cerveny

Mas essa também é a desvantagem do Soylent. Você começa a dar-se conta de que uma parte importante de seu dia gira em torno da comida. As refeições pontuam nossos dias: estamos constantemente nos recuperando delas, antevendo-as com prazer, navegando os altos e baixos emocionais de um sanduíche bom ou ruim.

Com uma garrafa de Soylent sobre a mesa, o tempo se estende à sua frente, sem momentos que o pontuem, um pouco triste. No sábado, acordei e beberiquei um copo de Soylent. O que fazer? Não era preciso pensar no café da manhã. Também não no almoço. Eu tinha trabalho a fazer, mas não estava com vontade, então saí para tomar um café. A caminho do café, passei pela padaria local onde compro bagels, onde vi uma pessoa pedindo meu café da manhã habitual: um bagel com manteiga. Observei com inveja. Eu não estava com fome e sabia que estava mais bem alimentada que a pessoa comendo o bagel: o Soylent custava menos e tinha me dado menos calorias vazias e uma nutrição muito melhor. Bagels com manteiga nem eram tão maravilhosos, e eu não deveria comê-los. Mas o Soylent faz você perceber quantos prazeres diários nós nos permitimos em nome do sustento.

Rhinehart passa muito tempo em fóruns de discussão do Soylent, descobrindo como as pessoas modificaram sua fórmula. Ele disse que gosta de ouvir críticas, desde que sejam baseadas em fatos e não de teor "emocional": "O fato de muitos estarem voltados ao problema só vai ajudar". Em Los Angeles, depois de nossa parada na picape de tacos, eu o acompanhei para conversar com alguns adeptos do Soylent faça-você-mesmo: um grupo de estudantes de Ricketts House, um alojamento da Caltech, que tinham ouvido falar que Rhinehart estava vivendo apenas de Soylent.

O dia estava quase no fim, e nem Rhinehart nem eu tínhamos ingerido qualquer alimento sólido, com a exceção do taco de falso frango. Mas não sentíamos fome: tínhamos tomado goles da garrafa de Soylent da bolsa de Rhinehart.

Chegamos ao Caltech no início da noite e fomos recebidos por Rachel Galimidi, uma doutoranda de biologia e conselheira residente do alojamento. Galimidi disse que o lugar é habitado por "muitos estudantes de engenharia e física superocupados que não têm tempo de fazer nada", nem comer. (Os estudantes que moram no local são conhecidos como Skurves, um trocadilho com "scurvy", ou escorbuto.) Segundo Galimidi, desde que a fórmula de Rhinehart tinha sido posta online os Skurves não falavam em outra coisa.

Havia bicicletas empilhadas e um estudante adormecido sobre um sofá, recuperando-se de uma noite em claro. No refeitório, vários Skurves punham a mesa para o jantar. Ali perto, dez alunos sentados em volta de uma mesa, cercados de laptops e equações, ignoravam a confusão do jantar. Eram os tomadores de Soylent. Vários deles seguravam garrafas d'água contendo a gosma bege.

Os estudantes reconheceram Rhinehart, que parecia estar se acostumando ao status de celebridade nerd. Derramaram-se em elogios à sua invenção. "O Soylent deixa você satisfeito por até cinco horas", disse Alex, estudante de ciência da computação. "É ótimo para estudar."

Eles vinham fazendo experimentos com Soylent faça-você-mesmo desde o início do semestre. "É um processo interativo sério", disse um estudante chamado Eugene. "Eu comprei um saco de 25 quilos de farinha de milho no primeiro dia. Depois disso, não podia mais mudar de ideia."

Nick, que estuda matemática, disse que se você não é tomador de Soylent é difícil viver em Ricketts. "Eu me lembro que a gente ia lá para bater papo e as pessoas só falavam de suas receitas", contou.

Cada um tinha sua fórmula própria. Erin, que estuda engenharia mecânica, é conhecida por seu Soylent verde. Ela usa espinafre. "Eu estava tendo dificuldade em incluir três nutrientes distintos. Fui procurar a composição do espinafre e falei 'uau, isso aqui se encaixa perfeitamente!'" Eugene é alérgico a soja, então usa uma variante do Bachelor Chow sem soja. Alex gosta de consumir seu Soylent como mingau. Disse que sua receita é "bastante normal". "Maltodextrina, farinha de aveia, azeite." Rhinehart aprovou, concordando com a cabeça.

Perguntei se os pais deles estavam incomodados com o fato de seus filhos estarem vivendo de comida sintética. Erin falou: "Penso em como me alimento mal quando não estou tomando Soylent. Houve semanas em que comi apenas macarrão com queijo, nada mais".

NUVENS

Perguntei aos Skurves se seu consumo de Soylent teve alguma repercussão social. Eles se entreolharam. Erin respondeu: "A primeira semana pode ser complicada, porque você peida muito".

"Esse é um problema sério", falou JohnO, estudante de ciência da computação. Eugene acrescentou: "Houve uma semana em que eu deixei de ir às aulas".

Alex Cerveny

Em meus próprios experimentos com o estilo Soylent de vida, também constatei que esse é um problema sério.

Rhinehart observou que o problema era pior quando ele primeiro postou a fórmula do Soylent online: ele superestimou a quantidade de enxofre. Durante semanas, ele e seus acólitos emitiram nuvens de gás sulfuroso. "Uma vez eu esvaziei uma casa de jazz", ele recordou, nostálgico.

Depois de mais ou menos uma semana, disseram os estudantes, seus corpos se adaptaram, e o problema se reduziu. Rhinehart disse que, além disso, eles tiraram o enxofre a mais da fórmula. "Depois de uma revisão, constatamos que estávamos recebendo enxofre suficiente dos aminoácidos. Foi um bug. Mas nós o consertamos."

SUPERALGA

Nos próximos dois meses, a Soylent enviará o produto aos seus 25 mil apoiadores iniciais. A empresa tem US$ 10 mil em novos pedidos todos os dias e já começou a dar lucro. Os programas militares e espaciais dos EUA pediram para testar o Soylent.

Mas a meta de Rhinehart é mais ambiciosa: a empresa testa um óleo ômega-3 derivado de algas, em vez de óleo de peixe. Com o tempo, ele espera descobrir como obter todos os ingredientes do Soylent dessa fonte -carboidratos, proteína, lipídios. "Então não vamos mais precisar de fazendas" para fabricar Soylent, disse. Melhor ainda, para ele, seria criar um "super-organismo" produtor: uma única variedade de alga que produzisse Soylent o dia todo. Então não precisaríamos mais de fábricas.

Alex Cerveny

Ele voltou a falar em Buckminster Fuller: "Bucky tem uma ideia muito importante da 'efemerização', que é algo quase como um fantasma -como energia pura ou informação pura". Uma alga produtora de Soylent converteria a comida em algo um pouco assim: não haveria mais guerras por terras aráveis nem concorrência por recursos.

Editoria de Arte/Folhapress

Para ajudar um vilarejo cheio de habitantes subnutridos, "bastaria jogar um contêiner" cheio de algas produtoras de Soylent. "Elas absorveriam a energia do sol, da água e do ar e produziriam alimento." O problema mais antigo da humanidade seria resolvido. Então, acrescentou Rhinehart, bastaria resolvermos o problema habitacional do mundo "e as pessoas poderiam ser livres".

O sonho do Soylent é estranho -um lugar onde nossas esperanças relacionadas à comida se fundem com nossos pesadelos. Mas, se você passa tempo suficiente com Rhinehart, pode começar a se convencer. Talvez a atração exercida pelo sonho dependa de como você enxerga o sonhador.

Na Ricketts House, Rhinehart quis saber dos estudantes se havia mais perguntas. Nick indagou: "O que acha da possibilidade de, depois de muitas pessoas se alimentarem de Soylent, o Soylent se transformar em pessoas?".

Rhinehart sorriu. "Acho incrível. Na realidade, penso bastante nisso." Ele abriu os braços, exibindo seu tronco saudável. "Estou vivendo de Soylent há um ano. Praticamente tudo o que você está vendo aqui é feito de Soylent."

LIZZIE WIDDICOMBE, jornalista americana, escreve na revista "The New Yorker", onde seu texto foi originalmente publicado.

CLARA ALLAIN é tradutora.

ALEX CERVENY, 50, artista plástico, lança o livro "Labirinto" (Laranja Original), com poemas de Beatriz di Giorgi, no dia 14/8, às 18h30, na Livraria da Vila - Fradique.


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