Folha de S. Paulo


Escritor alega que o assassino do zodíaco era seu pai

Novo livro de Gary Stewart afirma que uma busca por suas raízes levou o autor à conclusão de que o notório "serial killer" era parte de sua família

Um novo livro em que um engenheiro alega ter identificado o assassino em série conhecido como "assassino do zodíaco", e que ele era seu pai, está causando furor nos Estados Unidos e disparando nas listas de best-sellers, além de provocar um reexame dos notórios assassinatos, cujo mistério nunca foi resolvido.

O homicida que se tornou conhecido como "assassino do zodíaco" foi vinculado a cinco mortes na Califórnia no final dos anos 1960. Ele desafiava a polícia e os jornais com cartas nas quais se vangloriava dos homicídios, e por meio de mensagens cifradas que ele alegava conterem pistas sobre sua verdadeira identidade. Ainda que jamais tenha sido identificado, surgiram diversas alegações ao longo dos anos sobre sua verdadeira identidade; a mais recente delas apareceu na terça-feira, em um livro de Gary Stewart que a editora HarperCollins vinha tratando com o maior sigiloso há meses.

"The Most Dangerous Animal of All" [o mais perigoso dos animais], que saiu esta semana nos Estados Unidos e sairá na semana que vem no Reino Unido, resulta da pesquisa do engenheiro Stewart, vice-presidente da Delta Tech Services, da Louisiana, e explica como ele chegou à conclusão de que o assassino do zodíaco era seu pai biológico. Stewart, que foi adotado, aponta Earl Van Best Jr., um negociante de livros raros, como o assassino em uma entrevista à revista "People", alegando que as vítimas eram parecidas com sua mãe, que há uma conexão entre as impressões digitais de Van Best e as encontradas em uma das cenas de crime, e que a letra de seu pai e a do assassino do zodíaco eram "virtualmente idênticas".

"Anos de pesquisa levaram Gary a essa conclusão, como resultado da busca que ele iniciou por seu pai biológico, pouco depois que sua mãe biológica entrou em contato com ele. Gary também afirma ter descoberto provas forenses, entre as pistas que encontrou", diz Laura Lees, porta-voz da HarperCollins, que acrescentou que Stewart havia transmitido essas informações à polícia.

A HarperCollins afirma que o livro, escrito com a ajuda da jornalista Susan Mustafa, resulta na construção de "um perfil psicológico apavorante do pai de Stewart" pelos dois pesquisadores. "Quando menino ele tinha fixações perturbadoras, e mais tarde se tornou um intelectual frustrado com pretensões a alta cultura, e um pretendente inapropriado e, mais tarde, amante rejeitado e incapaz de processar sua raiva". O livro disparou nas listas de mais vendidos da Amazon desde que detalhes sobre ele foram publicados pela revista "New York". A revista foi informada pela HarperCollins de que os advogados da editora acreditavam que o título fosse "sólido em termos legais" e que, "se você olhar para uma foto de Gary, para o retrato falado do assassino do zodíaco, e para a foto do pai dele em sua ficha policial, perceberá com muita clareza que existe uma semelhança mais que passageira... Os três se parecem".

"Essa era a última coisa que eu desejaria ter descoberto, pode acreditar", disse Stewart à revista "People", acrescentado que "realmente espero que a revelação ajude as famílias das vítimas de meu pai a resolver seus traumas".

Albie Esparza, porta-voz da polícia de San Francisco, disse à CNN que a alegação era "certamente algo que nossos investigadores de homicídios estudarão". O capitão Steve Blower, da policia do condado de Napa, acrescentou que "conversamos com muitas pessoas ao longo dos anos. Recebemos informações de muitas pessoas nesse período que não se confirmaram. O caso continua aberto e continuamos a aceitar pistas ou indicações que possam ser pertinentes ao caso".

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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