Folha de S. Paulo


Confira 5 álbuns que não tiveram o reconhecimento merecido em 2017

Mesmo com o consumo de música pulverizado em lançamentos de faixas soltas pelas plataformas digitais, o formato de álbum ainda resistiu em 2017.

O ano teve até a força de veteranos como Chico Buarque e Tribalistas voltando a soltar discos.

Agora, com o final da temporada, alguns álbuns que passaram batidos, sem conseguir repercussão em grande escala, merecem uma nova chance para marcar presença entre os destaques do ano. Aline Lessa, Thalles Cabral, Heloísa Fernandes, Soledad e Mari Romano estão nessa turma.

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ALINE LESSA - "HOJE FALO POR MIM"

Aline Lessa apareceu na banda carioca Tipo Uísque. Em 2015, soltou seu primeiro disco solo. Sozinha, mas bem acompanhada do produtor e multi-instrumentista Elisio Freitas. Ele segue com Aline em "Hoje Falo por Mim", um segundo e vigoroso álbum com produção de Domenico Lancelotti. A mistura de MPB, rock e jazz constrói um disco de canções de amor derramado.

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Aline escreve sobre machucar e perdoar, sobre arrependimentos e tentativas de consertar uma relação que desandou. Não por acaso, a única música não autoral é "Indiferença", de Zezé Di Camargo, que é quase um clássico entre canções de amor desesperado. Este é praticamente um disco conceitual, dedicado a gente apaixonada em busca de sua redenção.

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THALLES CABRAL - "UTOPIA"

Alex Carvalho/Divulgação/TV Globo
Thalles Cabral como Jonathan em
Thalles Cabral como Jonathan em "Amor à Vida"

Aos 23 anos, o gaúcho ainda é reconhecido pelo grande público por ter interpretado Jonathan, o filho de Félix (Matheus Solano) na novela "Amor à Vida", em 2013. Se depender da força do primeiro álbum, "Utopia", logo será famoso como cantor. Ele lançou, apenas como Thalles, um conjunto de 11 canções autorais em inglês, mostrando desenvoltura e precisão para escrever e cantar no idioma.

O que surpreende é uma certa maturidade, a transparência de uma proposta de extrair arte da melancolia. "Utopia" não é um disco solar, tem um espírito entristecido que fica claro ao traduzir os títulos de algumas canções, como "Eu Não Tenho Coração", "Sr. Solitário" ou "O Clube dos Meninos Tristes". Canções como "Back on the Road", "I Have No Heart" e "Blessed" soam realmente poderosas, e há um ótimo clipe na rede, "You, the Ocean and Me".

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HELOÍSA FERNANDES - "FACES"

A pianista teve em 2014 o convite do produtor Thomas Zoells para gravar em Chicago aquele que seria seu terceiro álbum, "Faces". Quem escutar o disco, lançado este ano, vai se impressionar com a técnica e sua criatividade para compor peças emocionantes, mas pode não saber a jornada de superação por trás do projeto. Heloísa adiou a gravação para 2015 e, antes disso, foi vítima de uma infecção generalizada que quase a matou.

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Quando retomou a música, ainda se recuperando, impregnou "Faces" de uma emoção inegável. Ela tira sons inusitados do piano, e talvez essa experimentação tenha sido impulsionada com força pela situação-limite que viveu. O destaque do álbum é "Mergulho", que em quase 12 minutos reúne um punhado de ideias de vanguarda.

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MARI ROMANO - "ROMANCE MODELO"

O álbum abre com "Apetite #1", que dá as credenciais da cantora carioca. Melodia pop, mas nada simples, e letras com saudável bom humor. "Sou uma mulher autofágica/ sei disso porque acordo/ faltando um pedacinho de mim."Além do título impagável, "Suquinho de Amor" tem um clima de cabaré que é moldura bem adequada para letras engraçadas e pertinentes. É impossível não adorar um disco que tem "Amélie" e "Ainda de Pijama", os capítulos mais "fofos" do trabalho.

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SOLEDAD - "SOLEDAD"

A cearense chega ao segundo trabalho e se firma coma uma espécie de aglutinadora de boas canções de excelentes músicos de seu Estado. Já indicava isso no primeiro projeto, "As Nuvens Serão um Colar de Margaridas", de 2013. Agora, no álbum que leva seu nome, dedica seu cantar bem educado a oito faixas que, apesar de escritas por nove compositores diferentes, ganham uma unidade inegável. Há uma liga na interpretação de Soledad, com uma carga emocional que beira o incomum.

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