Folha de S. Paulo


Memorial da América Latina reabre auditório com tributo a Elza Soares

Após ser destruído em incêndio em novembro de 2013 e permanecer fechado desde então, o auditório Simón Bolívar, no Memorial da América Latina, na Barra Funda, reabre ao público neste sábado (16) com show em homenagem à cantora Elza Soares.

O elenco do "Jazz e Divas" terá as cantoras Paula Lima, Rosana, Baby do Brasil, Sandra de Sá, Vânia Bastos e Liniker e o grupo As Bahias e a Cozinha Mineira acompanhadas pela Jazz Sinfônica. As artistas vão interpretar faixas que ficaram famosas na voz de Elza. A atriz Vera Fischer será a anfitriã.

Elza também sobe ao palco para cantar músicas de seu disco mais recente, "A Mulher do Fim do Mundo". Os ingressos custam de R$ 80 a R$ 140.

O público terá a oportunidade de assistir a um espetáculo gratuito no novo auditório na terça-feira (19), quando a orquestra da Jazz Sinfônica se apresenta com um coral de 280 crianças e adolescentes.

RECONSTRUÇÃO

O espaço de 6.000 m² ficou fechado por quatro anos para obras de recuperação, que custaram R$ 41,5 milhões. O incêndio, iniciado por um curto-circuito no local, consumiu cadeiras, carpetes, forrações acústicas e o palco.

Todo o interior do espaço foi refeito respeitando o projeto de 1989, de Oscar Niemeyer (1907-2012).

Iniciada em dezembro de 2014, a primeira etapa das obras foi a reconstrução estrutural, removendo tudo o que foi destruído e refazendo o concreto das armaduras de ferro que sustentam o prédio. O auditório possuía um seguro, que repassou R$ 6,5 milhões para as obras.

Nas etapas seguintes, foram feitas reformas hidráulica, elétrica, de acessibilidade, iluminação, cenografia e de adequação às exigências do Corpo de Bombeiros.

A sala de espetáculos também recebeu melhorias, como a inclusão de dois elevadores de acesso e aumento do número de assentos. O sistema de acústica foi recriado para ser similar ao da Sala São Paulo, com forração acústica e rebatedores de som.

O carpete e a tapeçaria que cobrem as paredes, os fios da parte elétrica, o tecido das poltronas e o revestimento das paredes e do palco são feitos de material antichamas, para não repetir o episódio de 2013.

As novas 1.788 poltronas (antes eram 1.609) incluem lugares para pessoas obesas, de cadeira de rodas ou quem for acompanhado de cão-guia.

O fogo consumiu também uma tapeçaria de 840 m² criada pela artista plástica Tomie Ohtake (1913-2015) que ornava as paredes do auditório. Ela foi recriada seguindo à risca as cores e formas originais.

PROGRAMAÇÃO

O Memorial também inaugura duas exposições permanentes nas galerias que dão acesso ao auditório. Uma delas, "Imagem em Cena", expõe 32 fotografias de artistas que se apresentaram no palco do Simón Bolívar, como Belchior e Mercedes Sosa.

A outra, "Por um Mundo Melhor", reúne 24 serigrafias feitas por Niemeyer e pelo israelense-brasileiro Gershon Knispel, que retratam a violência na América Latina, na Europa e no Oriente Médio.

Acervo Memorial da América Latina/Divulgação
Imagem autografada por Belchior em passagem pelo auditório Simón Bolívar que estará em exposição no local
Imagem autografada por Belchior em passagem pelo auditório Simón Bolívar faz parte de mostra no local

Além das apresentações de orquestras, espetáculos de dança e teatro, festivais de cinema e shows musicais que compunham a programação do espaço antes do fechamento, o Memorial pretende incluir eventos de stand-up e outros mais pop —alguns pagos, outros gratuitos—, afirma Allex Colontonio, diretor de atividades culturais. "A gente tem que fazer um uso mais democrático do espaço", diz.

"São Paulo ganha um novo espaço multiuso mais moderno e equipado com todos os recursos de conforto, segurança e acessibilidade", afirma Irineu Ferraz, presidente do Memorial. "O objetivo é contemplar orquestras, óperas, teatros, balés, grandes espetáculos e seminários."

Até seu fechamento em 2013, o auditório recebia em média 219 mil pessoas por ano. O presidente da Fundação pretende, no futuro, dividir a plateia B (de 779 lugares) em três auditórios menores com isolamento acústico para receber mais eventos, alguns simultaneamente.

A ideia é utilizar o espaço de outras formas e aumentar a receita do Memorial, mas ainda falta dinheiro para realizar a ampliação agora.

Dois anexos —a sala dos Artistas e a dos Congressistas— que não foram atingidos pelas chamas, mas sofreram outros danos e foram fechados, ainda não têm previsão de reabertura. A partir de 2018, o Memorial vai fazer um estudo e orçamento para recuperá-los, diz Ferraz.

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JAZZ & DIVAS - UMA HOMENAGEM A ELZA SOARES
QUANDO sáb. (16), às 21h
ONDE Memorial da América Latina (av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 - Barra Funda, tel. (11) 3823-4600)
QUANTO de R$ 80 a R$ 140, no site totalplayer.com.br ou na bilheteria
CLASSIFICAÇÃO 14 anos


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