Folha de S. Paulo


Will Smith vive herói racista em 'Bright', longa produzido pela Netflix

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Will Smith e Joel Edgerton em cena da série da Netflix
Will Smith e Joel Edgerton em cena da série da Netflix "Bright"

Will Smith tem experiência nos "buddy cops movies". Nesse subgênero do cinema policial, o foco são duplas de tiras, quase sempre a princípio incompatíveis e, ao fim da história, transformadas em melhores amigos dispostos a arriscar a vida pelo outro. Exemplo impecável do filão: "Máquina Mortífera".

Smith já transitou nessas parcerias em "Bad Boys" e na trilogia "Homens de Preto". Volta a elas em "Bright", longa produzido pela Netflix que estreia no serviço de streaming no próximo dia 22.

No Brasil para divulgá-lo no evento nerd Comic Con, encerrado no domingo (10) em São Paulo, Smith demonstra tanto entusiasmo com "Bright" que a vontade declarada de rodar uma continuação deve ser levada a sério.

"Quantas vezes você tem a chance de fazer um filme divertido e ao mesmo tempo falar sobre intolerância racial? Usar um filme de ação com criaturas saídas do 'Senhor dos Anéis' em guetos de Los Angeles e ainda assim tocar em temas do mundo real?", ele pergunta ao repórter.

Explicando: "Bright" se passa numa realidade alternativa na qual orcs e elfos convivem com humanos. Ricos e sofisticados, os elfos são classe dominante. Os orcs vivem na periferia, em bairros pobres, num simulacro das áreas de Los Angeles habitadas por negros e hispânicos.

Smith é Daryl Ward, obrigado a patrulhar as ruas ao lado de Nick Jakoby, o primeiro orc a se tornar policial, hostilizado pelos colegas.

"Eu não quero esse cara no meu carro" é a frase de Ward que Smith repete em entrevista à Folha. "É uma mudança muito radical pegar o papel de um racista. Um afro-americano que encontrou alguém em situação inferior para exibir seu preconceito."

Smith conta que seu período de preparação para o papel, acompanhando policiais de Los Angeles, foi estranho. Quando tinha 22 anos, ele ganhava um bom dinheiro na série "The Prince of Bel-Air" (no Brasil, "Um Maluco no Pedaço"), tinha aparência de adolescente e comprava carros caros. "Na época eu vivia sendo parado pela polícia, e não era exatamente uma abordagem tranquila, sabe?"

VARINHA DE CONDÃO

O enredo de "Bright" coloca orcs, elfos e humanos disputando uma varinha de condão com poder para destruir o mundo. A arma está em mãos de uma elfa, Trikka (Lucy Fry), que cruza o caminho de Ward e Jakoby. A dupla precisa deixar suas diferenças de lado e proteger a garota.

O diretor David Ayer, que trabalhou com Smith no ano passado em "Esquadrão Suicida", tem um bom roteiro nas mãos. Além do ator americano aumentando sua galeria de heróis falastrões, conta com o australiano Joel Edgerton atuando debaixo de maquiagem de uma polegada de espessura para compor, com espuma, cola e plástico, o policial orc.

Edgerton não tem boas recordações das três horas e meia diárias para montar o visual de Jakoby. "Depois dessa preparação, ficava até 12 horas preso dentro da fantasia. Era muito quente, o suor escorria pelo corpo e, ao andar ou correr, escutava o barulho da borracha se esticando em volta da cabeça."

Smith valoriza o trabalho do parceiro australiano com uma piada antiga de Hollywood. "Sabe Fred Astaire e Ginger Rogers, o casal de dançarinos mais fantástico do cinema? As pessoas adoram idolatrar Astaire, mas ela sofria mais: dançava as mesmas coreografias e fazia isso de costas e usando salto alto! Joel é minha Ginger Rogers!"

Segundo Smith, "a Netflix dá o dinheiro e deixa você fazer o filme que quer fazer". Essa liberdade viria da necessidade de produção de conteúdo pela Netflix. "Não é como uma produtora que quer ganhar o máximo de dinheiro em um só filme. O pessoal da Netflix quer chamar os artistas para formar um novo mercado. E isso dá certo."

BRIGHT
QUANDO a partir de 22/12
ONDE Netflix


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