Folha de S. Paulo


Samba de Diogo Nogueira é mais miscigenado em novo 'Munduê'

Eduardo Knapp/Folhapress
Sao Paulo, SP, BRASIL, 23-11-2017: Retrato do sambista carioca Diogo Nogueira que esta lancando novo album. Retrato na Casa das Rosas na av Paulista em SP (Foto: Eduardo Knapp/Folhapress, ILUSTRADA).
O sambista carioca Diogo Nogueira

Apesar de ser um trabalho totalmente autoral, tem samba "das antigas" em "Munduê", disco que marca dez anos de carreira fonográfica de Diogo Nogueira. "Eu sempre trago essa coisa do antigo ao lado de uma maneira mais jovem de se fazer samba", diz o cantor à Folha.

Não é um discurso sem consistência. "Munduê" é uma evolução de Diogo, em cima de algo que desponta sempre em sua trajetória.

"Tento fazer essa ligação entre tradição e inovação. Nos discos, eu ia colocando alguma música minha, de um jeito tímido. Achava que não tinha maturidade suficiente para um disco autoral."

Muitas cobranças o cercaram, pelo pai ter sido um compositor de extrema qualidade, João Nogueira (1941-2000). Isso deu a ele a infância vivida entre bambas.

"Meu pai era muito festeiro, juntava os artistas na casa dele. fez o Clube do Samba, um movimento político."

Aos 36 anos, Diogo foi unindo colegas de geração a divindades do samba, como se promovesse uma passagem de bastão. "Munduê" cumpre essa tarefa com requinte. Basta reparar nos arranjadores das músicas: o cavaquinista Alessandro Cardozo, o violonista Rafael dos Anjos, nomes da nova geração e produtores do álbum, e os veteranos consagrados Ivan Paulo e Gilson Peranzzetta.

Ouça no deezer
Comandou um programa musical na TV Brasil, "Samba na Gamboa", e acaba de estrear programa na rádio Transcontinental FM, "Batukada Boa", no qual recebe convidados às terças, às 22h.

Há elementos novos em "Munduê". "Além de ouvir samba, gosto de outros ritmos que me influenciam ao compor uma melodia, pensar uma letra. Mas isso não acontece só comigo; tem outros nomes novos fazendo, mas não tão expostos à mídia."

Diogo realmente ocupa espaços. Gravou em Cuba um DVD de clássicos do samba, estrelou um musical de teatro sobre o centenário do gênero, "SamBRA", e fez ao lado de Martinho da Vila, Alcione e Roberta Sá a turnê "Nivea Viva o Samba" para mais de um milhão de pessoas.

Entre tradição e modernidade, foi autor de quatro sambas-enredo na Portela, todos rendendo nota dez à escola, e fez com o amigo Hamilton de Holanda o inovador e premiado álbum "Bossa Negra".

Apesar do carinho e do orgulho por "Munduê", que usa em seu pacote gráfico belas fotos de Diogo na comunidade quilombola São José da Serra, a mais antiga do Rio, o cantor não tem pressa em lançar oficialmente o álbum.

Um dos poucos bons vendedores de CDs no país, sente que o anterior, "Alma Brasileira", ainda tem lenha para queimar. "Meu trabalho é de formiguinha. Nunca tive uma música que estourasse de modo absurdo, mesmo tendo canções em 14 novelas de TV. Vou ganhando o público a cada show, sem pressa."

MUNDUÊ
ARTISTA Diogo Nogueira
GRAVADORA Universal Music
QUANTO R$ 30 (CD)


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