Folha de S. Paulo


opinião

Única, Carmen perdeu glamour, mas não a classe e o bom humor

Carmen Mayrink Veiga não era a Gilda de Rita Hayworth, mas causava a mesma impressão quando entrava nos salões mais importantes do Brasil –e em alguns do mundo.

Não havia mulher como Carmen: alta, morena de cabelos longos e bem tratados, extremamente bem vestida e, ainda por cima, linda.

Foi assim a vida inteira, desde que nasceu Carmen Teresinha Solbiati no Estado de São Paulo, antes de se casar com o também bonitão carioca Tony Mayrink Veiga. Depois, já instalada no Rio, teve dois filhos, também lindos: Antenor e Antônia. Naquela família, todo mundo era lindo. E, por um bom tempo, todo mundo também era bem rico.

Tony desfilava pelos salões do mundo fazendo negócios, e seu principal cartão de visitas era quem? Carmen, é claro, a mais linda entre as lindas. A mais elegante entre as elegantes. Ela sempre gostou dos holofotes e gostava sinceramente de aparecer nas colunas sociais da época. Amava ser musa –tem alguém que não goste?

Já mais velha e em uma cadeira de rodas por causa de um problema nos quadris, ainda era vaidosa e ainda gostava de conversar, de ser gentil, de ser verdadeira –coisa tão rara nos dias de hoje.

Carmen era uma mulher de verdade e se saía muito bem no papel que exercia, como alavancadora dos negócios do marido, como mãe de família, avó, e principalmente, como uma das "dez mais" (para quem não sabe o que é isso, todos os anos tinha uma lista do Ibrahim Sued, colunista mítico do Rio, elegendo as dez mulheres mais elegantes do ano. Carmen, é claro, estava sempre lá).

Antenor, o filho, teve uma lista de namoradas que incluiu até Luma de Oliveira, que depois acabou se casando com Eike Batista, chegando a usar uma coleira no pescoço com o nome dele.

Pois bem, antes disso, Luma trocou Antenor por Renato Gaúcho (ah, esses jogadores de futebol, quanto estrago fizeram...). Eike Batista deixou Patrícia Leal praticamente no altar para se casar com Luma. E pasmem: Patrícia acabou se casando com quem? Com Antenor Mayrink Veiga, o bonitão.

Tá confuso? E quem falou que a vida é simples?

Carmen sempre segurou muito bem a peteca, mexendo seus pauzinhos para que a vida em família se mantivesse do jeito que ela queria.

Nem sempre conseguia. Tony morreu no ano passado. Antônia, a filha, fina e chique, casada desde sempre com o milionário Guilherme Frering, virou atriz, participou de uma minissérie internacional sobre Maria Callas e até de novela da Globo.

Sim, os tempos eram outros. Carmen também era outra. Foi perdendo o glamour e o dinheiro. Mas manteve a classe e o bom humor.


Endereço da página:

Links no texto: