Folha de S. Paulo


crítica

Protagonizada por bichos, 'Estrela de Belém' é bem óbvia e superficial

Divulgação
Cena de
Cena de "A Estrela de Belém"

A ESTRELA DE BELÉM (regular)
DIREÇÃO Timothy Reckart
PRODUÇÃO EUA, 2017, livre
QUANDO estreia nesta quinta (30)
Veja salas e horários de exibição

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Como soar inédita uma história que quase todo mundo sabe de cor e salteado, de trás pra frente, de frente pra trás? A animação "A Estrela de Belém" apostou numa mudança inusitada de perspectiva para recontar o nascimento de Jesus Cristo.

Os principais personagens, valores e referências bíblicas estão presentes no filme dirigido por Timothy Reckart. Porém, desta vez, os protagonistas são os animais. É através do olhar deles que essa narrativa literalmente milenar ganha contornos diferentes na tela.

A vida de Bo gira em círculos. O simpático burro de moinho passa dia e noite amassando diversos tipos de grãos. Cansado do marasmo, ele decide fugir em busca de novas aventuras, ao lado de seu fiel amigo Davi –um pássaro bastante espirituoso.

Depois de uma fuga alucinante, Bo encontra abrigo na morada dos recém-casados José e Maria, que, a essa altura, já carrega na barriga o filho de Deus (situação pedagogicamente explicada nas cenas iniciais).

A empatia entre Maria e o burrico de olhos expressivos é imediata. A partir daí, os dois se tornam companheiros inseparáveis, apesar das ressalvas de um mal-humorado José.

Durante a jornada de Nazaré a Belém, uma chuva de bichos dá as caras para garantir o tom descontraído e engraçadinho à trama que desfia o primeiro Natal: a ovelha desgarrada Ruth, três camelos sabichões, uma dupla de cachorros malvados, além de outros incontáveis animais.

A estratégia até é válida. Existe um esforço notável no sentido de trazer a narrativa a contextos mais atuais e de evitar a atmosfera cerimoniosa e o didatismo exagerado que encharcam grande parte dos filmes religiosos.

Mas não o suficiente para fazer desse longa-metragem dos estúdios Sony uma produção marcante. Em nenhum aspecto, aliás.

Do visual gráfico à trilha sonora –passando pela composição dos personagens e pela construção do roteiro–, as escolhas simples quase sempre desembocam no simplório. Tudo muito óbvio e superficial.

Talvez funcione para os interessados em apresentar a origem e o significado do Natal às crianças (bem) pequenas. Fora isso, "A Estrela de Belém" se resume a uma animação bobinha protagonizada por bichos carismáticos e atrapalhados, que servem de fio condutor de uma das histórias mais repetidas pela humanidade.

Assista ao trailer de "A Estrela de Belém"

Assista ao trailer de "A Estrela de Belém"


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