Folha de S. Paulo


Crítica

Documentário revê história dos saltadores-palhaços do clube Tietê

Divulgação
Cena do documentário 'Aqualoucos', sobre história dos saltadores-palhaços do clube Tietê
Cena do documentário 'Aqualoucos', sobre história dos saltadores-palhaços do clube Tietê

AQUALOUCOS (bom)
DIREÇÃO Victor Ribeiro
ELENCO Oswaldo Lopes Fiore, Fernando Pinto Ribeiro, Walney Almeida Reis, Fausto Paes Filho, Walter Jorge Ranci
PRODUÇÃO Brasil, 2017, livre
QUANDO estreia nesta quinta (9)
Veja salas e horários de exibição

*

Ao contar a história dos aqualoucos, um grupo de saltadores-palhaços que fez muito sucesso nas piscinas do Clube de Regatas Tietê entre as décadas de 50 e 80, este documentário lida com a memória afetiva da cidade de São Paulo, o que já desperta empatia.

O "Dicionário Houaiss" define aqualouco como "aquele que, como uma espécie de acrobata, veste roupa de banho à antiga e faz demonstrações cômicas a partir do trampolim de uma piscina, onde dá saltos desajeitados e ridículos".

Os rapazes paulistanos –cujas idades atualmente oscilam entre 65 e 85 anos- que atraíam multidões para a beira das piscinas foram muito além, faziam autênticos shows aquáticos.

Eles se lançavam de plataformas de dez metros e de andaimes ainda mais altos. O mais ousado da turma, Walney Almeida Reis, o Manolo, chegou a se jogar de um helicóptero a 48 metros de altura e entrou para o "Guinness". Usavam escadas, tochas e outros apetrechos em seus números. Os espetáculos tinham script, coreografias e figurinos especiais, algo muito próximo do circo.

O líder do grupo era Oswaldo Lopes Fiore, que deu seus primeiros saltos ainda menino, no rio Tietê, e foi várias vezes campeão Sul Americano da modalidade. Tudo começou quando Fiore percebeu que, nos treinos, seus erros divertiam aqueles que estavam observando.

Não demorou para que os desequilíbrios virassem micagens e que outros saltadores começassem a arrancar gargalhadas do púbico. Davam barrigadas, caíam tortos na água, se atiravam em bando agarrados uns aos outros, empurravam-se até cair, se penduravam no trampolim.

Dirigido por Victor Ribeiro, filho de um daqueles rapazes –Fernando Pinto Ribeiro, o Caçarola–, o documentário não pretende esgotar o assunto. É uma crônica assumidamente nostálgica daquelas estripulias arriscadas.

A história é contada por depoimentos de saltadores e familiares, fotografias e raros filmes da época. Composta pela banda paulistana Grand Bazaar, a trilha sonora é muito eficaz ao destacar o humor e o aspecto festivo inerentes ao tema.

A sequência final, feita especialmente para o documentário, que mostra os aqualoucos remanescentes de performance, é uma bela homenagem a esses malucos, uma celebração do seu humor acrobático e ingênuo, chapliniano por excelência.

Assista ao trailer de 'Aqualoucos'

Assista ao trailer de 'Aqualoucos'


Endereço da página:

Links no texto: