Folha de S. Paulo


Crítica

Filme sobre viúvo idoso em site de paquera não explora bem o tema

Divulgação
Pierre Richard em cena do filme 'Um Perfil para Dois', de Stéphane Robelin
Pierre Richard em cena do filme 'Um Perfil para Dois', de Stéphane Robelin

UM PERFIL PARA DOIS (regular)
(MR. STEIN GOES ONLINE)
DIREÇÃO Stéphane Robelin
ELENCO Pierre Richard, Yaniss Lespert, Fanny Valette, Stéphane Bissot
PRODUÇÃO França, 2016, 12 anos
QUANDO estreia nesta quinta (9)
Veja salas e horários de exibição

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Esta comédia romântica do francês Stéphane Robelin tenta captar o espírito do tempo ao fazer uma espécie de atualização do tema de "Cyrano de Bergerac" (1897), célebre peça teatral de Edmond Rostand, trazendo-o para a era da Internet, dos sites de relacionamento, da usurpação de identidade e de outras fraudes online.

Viúvo há dois anos, o octogenário Pierre (Pierre Richard) não consegue esquecer a mulher, cuja memória cultiva assistindo a velhos filmes domésticos em Super-8. Deprimido, quase não come e não sai mais de casa.

Sua vida muda quando começa a aprender a mexer no computador e a navegar na Internet graças às aulas do jovem Alex (Yaniss Lespert), escritor iniciante, inseguro e sem um tostão. Pierre não demora a frequentar sites de relacionamento e cria um perfil falso, com a foto do professor, à revelia deste.

Graças à gentileza e às frases românticas da época em que era jovem, Pierre seduz Flora (Fanny Valette), uma fisioterapeuta solitária de Bruxelas, cinco décadas mais nova. Mas as coisas se complicam quando Flora resolve marcar um encontro cara a cara. Pierre decide levar a farsa adiante e paga Alex para que este o "represente" no encontro.

Presos a uma mentira que inevitavelmente leva a outras, Pierre e Alex embarcam numa série de quiproquós que poderiam ser engraçados, mas raramente fazem rir.

Uma parte do problema se deve a Yaniss Lespert, que encara com apatia a missão de substituir o viúvo na hora da sedução real e parece alheio, perdido. Os diálogos banais tampouco ajudam o desempenho do ator.

Por seu lado, o veteraníssimo Pierre Richard, célebre por suas comédias dos anos 1970 e 1980, está à vontade no papel, mas tampouco desafiado a ir mais além.

Apesar das diferenças, esses dois personagens unidos por uma estranha cumplicidade se assemelham em sua melancolia, em seus desacertos no que se refere à experiência amorosa.

Apesar do ponto de partida promissor –que o roteiro, assinado pelo próprio Robelin, não desenvolve como poderia–, o filme fica aquém das possibilidades que o tema oferecia.

Assista ao trailer de 'Um Perfil para Dois'

Assista ao trailer de 'Um Perfil para Dois'


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