Folha de S. Paulo


CRÍTICA

Terror 'A Noiva' é inconsistente e reserva apenas alguns sustos

Divulgação
Viktoriya Glukhikh em cena do filme de terror russo 'A Noiva
Viktoriya Glukhikh em cena do filme de terror russo 'A Noiva'

A NOIVA (ruim)
(NEVESTA)
DIREÇÃO Svyatoslav Podgayevskiy
ELENCO Victoria Agalakova, Vyacheslav Chepurchenko, Aleksandra Rebenok, Igor Khripunov
PRODUÇÃO Rússia, 2017, 12 anos
QUANDO estreia nesta quinta (2)
Veja salas e horários de exibição

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O ponto de partida deste filme de terror do jovem diretor e roteirista russo Svyatoslav Podgayevskiy —que se dedica exclusivamente ao gênero— é uma tradição eslava, também presente em outras culturas, segundo a qual é possível conservar a alma de um morto fotografando o cadáver.

É o que mostra o prólogo, ambientado em meados do século 19, quando um fotógrafo registra a imagem da mulher morta vestida de noiva. A essa tradição macabra o diretor enxerta um ritual ainda mais lúgubre, que consiste em passar o espírito da mulher de um corpo a outro, para que possa resistir ao tempo.

Mas, para que isso aconteça, o corpo que recebe o espírito deve ser o de uma virgem, que é enterrada viva. Do contrário, uma maldição castigará a família. A praga só pode ser neutralizada com a destruição do negativo.

Apesar de pouco original na temática e no estilo, que evocam os filmes de terror ingleses dos anos 1960, esse prólogo consegue estabelecer com eficiência uma atmosfera angustiante, uma tensão que infelizmente se perderá em seguida, quando a história dá um salto temporal aos dias de hoje.

A estudante Nastya (Victoria Agalakova) e Vanya (Vyacheslav Chepurchenko), seu namorado, vão para a casa da família dele, isolada no campo, para se casar. Vanya é bisneto daquele fotógrafo e a casa é a mesma em que o ancestral realizou o ritual.

A partir daí, tudo se esgota, a narrativa perde o que tinha de inquietante. Sabemos que o destino de Nastya está traçado, resta apenas esperar o desenlace. Assoalhos e portas que rangem, olhares sinistros dos familiares de Vanya, pesadelos e visões, todos esses clichês do gênero vão ampliando em Nastya a sensação de que algo errado está acontecendo.

Sem qualquer suspense, o desenrolar da história é inconsistente e reserva apenas alguns sustos. Uma das poucas ideias de Podgayevskiy, que mostra duplos de Nastya durante as visões desta, acaba não sendo levada adiante.

Outro problema é a dublagem em inglês, que introduz mais uma artificialidade —no caso completamente desnecessária— nessa história já bem recheada de lugares-comuns.

Assista ao trailer de 'A Noiva'

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