Folha de S. Paulo


Filhos de Nando Reis resgatam rock dos anos 1970 em álbum de estreia

Patricia Stavis/Folhapress
Theo (à esquerda), vestindo camiseta com o logo de sua banda, e Sebastião, os Dois Reis
Theo (à esquerda), vestindo camiseta com o logo de sua banda, e Sebastião, os Dois Reis

O caminho é conhecido. Garotos formam banda, começam tocando material de um ídolo e, com o tempo, se arriscam nas composições para passar a um trabalho autoral e ganhar reconhecimento.

No caso do Dois Reis, esse processo foi cumprido com as pessoas olhando para a dupla já reconhecendo seus integrantes. Theo e Sebastião nem lutaram contra. Deram os primeiros passos tocando músicas do pai, Nando Reis.

Agora, com as oito músicas escritas por eles no repertório do álbum "Dois Reis", mostram um trabalho de estreia bem forte. Exibindo uma identidade clara, não ligam para a possível insistência em compará-los com o pai.

"O que possa ser parecido é algo que não tem jeito, a gente aprendeu com ele, mas o que não parece mostra que temos características nossas", afirma à Folha o mais velho, Theo, 31. Sebastião, aquele para quem o pai escreveu o hit dizendo que "o mundo é bão", é nove anos mais novo.

Quando fala em aprender, Theo está empregando a palavra literalmente. Os rapazes passaram a acompanhar o pai em shows que fossem perto de São Paulo, aos quais podiam ir e voltar na mesma noite, sem dormir em hotel. E subiam no palco para tocar.

"Um dia estava lembrando com o Sebastião músicas do nosso pai que nunca entravam nos shows. Pensamos em montar um show com elas e tentar fazer uma temporada em São Paulo, arrumar um bar em que a gente pudesse tocar", conta Theo.

Eles acabaram incluindo um ou outro hit, para o público cantar junto, nesse projeto que foi para a estrada em 2013.

"Por ter começado com releituras, tivemos boa entrada no circuito de bares do interior de São Paulo que recebe bandas cover. Tocamos muito também em Minas. Quem faz só música autoral tem dificuldade para sair de São Paulo", diz Sebastião.

"A gente fez o contrário do que as pessoas esperavam. Nós não negamos o legado do nosso pai, resolvemos tocá-lo", complementa Theo.

O álbum se encaixa na categoria rock, com algum peso. Para quem teima na comparação, a faixa "Repartir" lembra o som de Nando, com cara de hit radiofônico. Mas fica por aí. O repertório tem surpresas, nas boas letras e em momentos instrumentais bem sacados, como o trombone em "Curva dos 30" e a percussão em "O Sexo Mais Forte".

"Na hora da composição a gente nunca pensou se ficaria parecido com o nosso pai. A gente sabia o que queria, um disco de rock que retomasse aquilo que curtimos, bem anos 1970", diz Sebastião, que divide os vocais com o irmão.

Sebastião é a voz principal em "Seja Como For" e "A Sombra do Futuro", de sua autoria (a última é parceria com o pai e Fernando Nunes, produtor do CD). "Comecei no Dois Reis aos 17 anos, aprendi muito. Antes eu nem cantava."

*

DOIS REIS
ARTISTA Dois Reis
LANÇAMENTO Relicário
QUANTO R$25 (CD)


Endereço da página: