Folha de S. Paulo


CRÍTICA

Al Gore se supera na forma e no conteúdo em novo documentário

UMA VERDADE MAIS INCONVENIENTE (muito bom)
DIREÇÃO Bonni Cohen e Jon Shenk
PRODUÇÃO EUA, 2017, 1h38min
QUANDO 24/10, 20h30 (Cinesesc); 25/10, 21h15 (Marabá); 26/10, 20h (espaço Itaú - Frei Caneca); 27/10, 18h (Cinesala)
Veja salas e horários de exibição

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O democrata Al Gore era vice de Bill Clinton na Casa Branca, em 2000, quando concorreu à Presidência com George W. Bush, para quem perdeu no colégio eleitoral.

Quando foi à TV reconhecer a vitória do candidato republicano, Gore parecia fadado a um futuro em tom menor —baixa visibilidade e pouca influência política.

Há uma década, no entanto, a opção dele pelo ativismo ambiental deixou evidente que tinha apostado no cavalo certo. Gore havia definitivamente se afastado do fantasma da irrelevância.

Em 2007, ganhou o Nobel da Paz, junto com o Painel sobre Mudanças Climáticas da ONU, por disseminar informações sobre mudanças climáticas. No mesmo ano, levou o Oscar de documentário por "Uma Verdade Inconveniente" (2006).

A sequência "Uma Verdade Mais Inconveniente" é, tal qual o original, um manifesto e um filme —em ambos os aspectos, merece ser avaliado.

Seja como cinema, seja como compêndio de denúncias e intenções, o novo documentário é superior ao primeiro.

Como manifesto, beneficia-se da passagem do tempo, que atesta como eram urgentes as preocupações expostas por Al Gore sobre aquecimento global há dez anos.

Um exemplo: 14 dos 15 anos mais quentes da história aconteceram a partir de 2001.

No intervalo entre os dois filmes, cresceu a influência do ativista, o que fica evidente na sua participação na conferência de Paris, em 2015.

Como cinema, o novo documentário também supera o primeiro. Os diretores Bonni Cohen e Jon Shenk não abandonam o formato "filme de auditório", mas são comedidos. Trechos de palestras surgem de modo pontual.

A intenção é mostrar Gore onde a crise ambiental se revela mais aguda e onde as imagens assombram. Assim, ele mete o pé na lama, no gelo e no degelo –uma espécie de Michael Moore com menos humor e mais credibilidade.

O filme também avança na dramaticidade de um trabalho de militância com frutos desiguais. Há momentos de Al Gore imerso na irritação.

Político habilidoso que é, talvez ele estivesse encenando a indignação. No palco dos performers globais, afinal, Al Gore tem um trunfo: seu roteiro é bastante convincente.

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Assista ao trailer de 'Uma Verdade Mais Inconveniente'

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