Folha de S. Paulo


Banda Corte apresenta em show sua experimentação barulhenta

Bruno Santos/ Folhapress
Cuca Ferreira, Alzira E, Fernando Thomaz e Marcelo Dworecki, da banda Corte
Cuca Ferreira, Alzira E, Fernando Thomaz e Marcelo Dworecki, da banda Corte

O nome da banda é uma escolha bem adequada: Corte. Porque o grupo realmente corta relações com o som que seus integrantes costumam exibir na cena independente paulistana. O álbum de estreia, homônimo e autoproduzido, surpreende. E agrada.

Neste sábado (21), Corte lança oficialmente o disco, pelo selo YB Music, em show no Sesc Pompeia. O público poderá conhecer o projeto iniciado por Marcelo Dworecki e Alzira E, que trabalham juntos desde 2012, em vários discos e shows. Mas tinham transitado até agora por uma MPB com injeção de experimentação. Nada como o Corte.

"Depois do período de shows de 'O Que Vim Fazer Aqui', disco da Alzira de 2014, eu queria fazer uma coisa que não cabia nos outros grupos nos quais eu trabalhava, que é esse som pesado, uma sonoridade mais barulhenta, ruidosa", conta Dworecki, que é baixista do combo dançante Bixiga 70 e tem um projeto com um pouco mais de peso, a banda Strombólica.

Corte tem Alzira no vocal e baixo, Dworecki, entre o baixo e a guitarra, e mais três integrantes: Fernando Thomaz (bateria) e dois músicos de sopro do Bixiga 70, Cuca Ferreira (sax e flauta) e Daniel Gralha (trompete). O baterista também toca na Strombólica.

No show no Sesc, Priscila Brigante assume a bateria como convidada especial, porque Thomaz tem apresentação fora de São Paulo.

Esse cruzamento de integrantes faz parte de uma cena cooperativa que une esses nomes a outros independentes, como Peri Pane, Gustavo Galo, Iara Rennó e Trupe Chá de Boldo. "Uma família que existe e se ajuda", opina Alzira.

O som da banda quase esbarra em rock pesado e jazz pouco comportado. "Acho que tem uma coisa de free jazz, de cagar para a harmonia, forçar para soar ruim e ver o que dá", diz Cuca.

"Eu já tinha algumas músicas que não se encaixavam no meu repertório 'normal', então peguei esses bichos e botei pra fora", conta Alzira.

No disco, ela exibe um vocal mais gutural, grave. As letras, algumas da própria cantora e outras de parceiros habituais como Tiganá Santana e arrudA, têm um tanto de fúria que escorre pelas faixas. Um inconformismo, uma proposta de negação que já fica bem clara na música que abre o álbum, "Nada Disso".]

Corte traz uma música ainda em formação. Mas empolga, é raivosa, estranha, menos palatável do que o som ao redor. Programa para quem não busca conforto e mesmice. "Não era nem o que estava ouvindo nem onde queria chegar. Falhei em todos os sentidos, ", brinca Dworecki.

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CORTE
QUANDO sábado (21), às 21h30
ONDE Sesc Pompeia, r. Clélia, 93, tel. (11) 3871-7700
QUANTO de R$ 6 a R$ 20


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