Folha de S. Paulo


CRÍTICA

Com Emma Stone e Steve Carell, filme aborda machismo no tênis

A GUERRA DOS SEXOS (bom)
(Battle of the Sexes)
DIREÇÃO Jonathan Dayton e Valerie Faris
ELENCO Emma Stone, Steve Carell, Andrea Riseborough, Bill Pullman, Alan Cumming
PRODUÇÃO EUA, 2017, 121 min
QUANDO estreia nesta quinta (19)
Veja salas e horários de exibição

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No filme "A Guerra dos Sexos", o que há de melhor acontece antes que os tenistas entrem em quadra.

Em 1973, dois expoentes do esporte resolvem disputar uma partida que passou a ser internacionalmente conhecida como "battle of the sexes".

De um lado, Billie Jean King, aos 29 anos, uma das melhores tenistas da época. Àquela altura, a atleta interpretada por Emma Stone (Oscar de melhor atriz por "La La Land") já tinha ganho cinco títulos de Wimbledon —ela voltaria a ser campeã do torneio mais uma vez, em 1975.

Do outro lado, com 55 anos, o ex-tenista profissional Bobby Riggs (Steve Carell), cujo ápice da carreira se deu quando Billie Jean nem sequer tinha nascido.

Neste filme de Jonathan Dayton e Valerie Faris, são bem coreografados os lances da partida, que ocorreu em um estádio de Houston.

Mas "A Guerra dos Sexos" se revela mais instigante ao retratar os dias que antecedem o jogo. É quando o circo machista do esporte se prepara para a festa.

Por mais que pareçam estúpidas (ou por isso mesmo), a autopromoção de Riggs e sua convicção na superioridade masculina, no esporte e fora dele, ganham número crescente de adeptos entre jornalistas e fãs do esporte.

Para tal figura, não havia oponente melhor que Billie Jean, uma das fundadoras de movimento pela valorização financeira do tênis feminino.

Talvez não exista hoje no cinema dos EUA ator tão preparado quanto Carell para mostrar a nós, homens, como podemos ser ridículos.

Carell, aliás, já havia atuado sob a direção de Dayton e Faris em "Pequena Miss Sunshine" (2006).

O filme cresce quando troca os excessos dramáticos pela ironia. É a sutileza do humor que instala a dúvida: evoluímos de 1973 para cá?

P.S.: A teledramaturgia brasileira teve um de seus momentos notáveis em 1983 com "Guerra dos Sexos", com Fernanda Montenegro e Paulo Autran. Em respeito à novela de Silvio de Abreu, exibida pela Globo, não custava à distribuidora do filme no país ter pensado em outro título.

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Assista ao trailer de 'A Guerra dos Sexos'

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