Folha de S. Paulo


Americano George Saunders ganha o Man Booker por 'Lincoln in the Bardo'

Ray TangIan/Xinhua
George Saunders holds up a trophy after winning the Folio Prize at the St Pancras Renaissance Hotel in London, Monday, March 10, 2014. The American writer has won the 40,000 pound ($67,000) Folio Prize for literature with his humorous and disturbing short-story collection
O americano George Saunders, com seu "Lincoln in the Bardo", que venceu o Man Booker Prize

George Saunders, 58, venceu o Man Booker Prize, principal prêmio da literatura em língua inglesa por "Lincoln in the Bardo".

É o primeiro romance do escritor americano, autor de livros de contos, ensaios e obras infantis – no Brasil, lançou "Dez de Dezembro", de contos, e o infantil "Os Grudolhos Perseverantes de Frip", ambos pela Companhia das Letras.

O prêmio, que é dado a cada ano ao melhor romance escrito originalmente em inglês e publicado no Reino Unido, foi anunciado em jantar na terça (17) em Londres.

"Lincoln in the Bardo" parte de um fato real: a morte de Willie, filho de 11 anos de Abraham Lincoln, em 1862, por febre tifoide. Na obra, Saunders imagina que a criança fica retida no "bardo", uma espécie de limbo na religião budista tibetana.

Outros mortos, no mesmo cemitério, recusam-se a aceitar o fim de sua existência, assim como Willie, que espera pelo regresso de seu pai.

Em entrevista à revista "Time", em fevereiro passado, Saunders disse que não queria escrever sobre Lincoln.

"Mas me cativou muito essa história que eu tinha ouvido anos atrás sobre ele entrar na cripta do filho. Pensei no livro como uma forma de instilar a mesma reação que tive", afirmou à publicação.

"Lincoln in the Bardo" mescla textos históricos, biográficos e cartas. Mas é, primordialmente, escrito em diálogos – uma tentativa, disse o autor à "Time", de evitar armadilhas literárias e de se prender a um grande monólogo do ex-presidente americano.

ESTILO

"A forma e o estilo desse romance extremamente original revela uma narrativa inteligente e profundamente emocionante", declarou a escritora Lola Young, presidente do júri do Booker, formado também pela crítica literária Lila Azam Zanganeh, pelos escritores Sarah Hall e Colin Thubron e pelo artista plástico Tom Phillips.

Saunders é o segundo americano a levar o troféu (em 2016, Paul Beatty venceu com "O Vendido" ). A tradicional premiação britânica, que acontece desde 1969, passou a aceitar escritores de qualquer nacionalidade há apenas quatro anos – antes, era restrita a autores de países que integram a Commonwealth.

O Booker dá ao seu vencedor um prêmio de 50 mil libras esterlinas (cerca de R$ 208 mil), além das 2.500 libras que cabem a cada um dos finalistas da edição.

Concorriam pelo prêmio, além de Saunders, os também americanos Paul Auster, com "4 3 2 1", e Emily Fridlund, com "History of Wolves"; o paquistanês Mohsin Hamid, com "Exit West"; e as britânicas Fiona Mozley, com "Elmet", e Ali Smith, com "Autumn". Ao todo, foram 144 obras inscritas.


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