Folha de S. Paulo


Companhia de dança de Los Angeles se apresenta pela primeira vez no Brasil

Laurent Philippe/Divulgação
Cena do espetáculo 'On the Other Side', da companhia Los Angeles Dance Project, dirigida por Benjamin Millepied
Cena do espetáculo 'On the Other Side', da Los Angeles Dance Project, dirigida por Benjamin Millepied

Com alguns pés na dança e outros no cinema, nas artes plásticas e nos negócios, o LADP (Los Angeles Dance Project) se apresenta pela primeira vez no Brasil nesta terça (17), encerrando a temporada de dança do Teatro Alfa.

A proposta do LADP, criado em 2012 por Benjamin Millepied, é ser uma plataforma de criação tanto para videomakers, escultores ou músicos quanto para coreógrafos e intérpretes. O projeto vai mais longe e inclui uma marca de roupas com venda on-line.

"Estou tentando botar de pé uma companhia independente de dança. O principal é o trabalho artístico, mas também temos de pensar nos negócios", diz Millepied.

Millepied, que dirigiu o Balé da Ópera de Paris quando já comandava a companhia norte-americana (sua experiência na companhia francesa está no documentário "Reset") é conhecido também como marido de Natalie Portman –ele foi o coreógrafo de "Cisne Negro" (2010), filme que deu um Oscar à atriz.

Mas a relação de Millepied com o cinema se alonga também até a LADP. Desde que foi criado, o grupo produz curtas e médias-metragens de dança, incluindo um filme dirigido por Alejandro Iñarritu ("O Regresso", "Birdman").

Filmado nos arredores de Los Angeles, "Naran Ja", de Iñarritu, é descrito como um videoexercício sobre movimento e dança e pode ser assistido no site da companhia (ladanceproject.com ).

A interação com produções audiovisuais também marca as peças da LADP, como as que estarão nas duas únicas apresentações no Brasil.

O programa tem apenas criações do próprio Millepied. Ele é a face mais forte e óbvia do trabalho, mas outra característica marcante da companhia é a influência dos grandes nomes da dança moderna americana e do balé contemporâneo, como Martha Graham, Merce Cunningham e William Forsythe.

Em "Orpheus Highway", Millepíed criou, além da coreografia, o vídeo, o desenho de luz e o figurino da obra, que ambienta uma releitura do mito de Orfeu e Eurídice em uma autoestrada americana.

No mito, Orfeu desce ao inferno para buscar sua amada Eurídice, mas a perde novamente um pouco antes de retornar ao mundo dos vivos.

"Todos os meus trabalhos são reflexos do meu entendimento da sociedade. E as coisas não andam muito bem no mundo agora", diz Millepied.

"Orpheus Highway" estreou em junho deste ano, assim como "In Silence We Speak", outra obra do programa.

Esta última foi concebida para duas ex-bailarinas que trabalharam com Millepied, a brasileira Carla Körbes e a norte-americana Janie Taylor.

Körbes e Taylor se conhecem desde os 15 anos e trabalharam com Millepied no New York City Ballet. As duas se aposentaram dos palcos há cerca de dois anos.

"A gente parou de dançar, mas não de amar a dança. Foi incrível o Benjamin ter criado essa obra especialmente para nós", diz Körbes, que hoje divide a agenda entre os trabalhos como artista residente da LADP, professora da Universidade de Bloomington (EUA) e os cuidados com a filha de 1 ano e 9 meses.

As outras duas coreografias do espetáculo têm em comum a trilha sonora, assinada por um antigo colaborador do LADP, Phillip Glass.

"On the Other Side" foi criada após a breve estada de Millepied na Ópera de Paris. Já "Closer" é uma obra antiga do repertório da companhia –estreou em 2006.

"Basicamente, 'Closer' trata das diferentes dinâmicas do relacionamento entre duas pessoas", conta o diretor. E não tem nenhuma relação com o filme homônimo, que tem entre os protagonistas a mulher de Millepied.

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L.A. DANCE PROJECT
QUANDO ter. (17) e qua. (18), às 21h
ONDE Teatro Alfa, r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. (11) 5693-4000
QUANTO de R$50 a R$ 200
CLASSIFICAÇÃO livre


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