Folha de S. Paulo


Filmes de catástrofes naturais seduzem Hollywood há tempos

Divulgação
Morgan Lily e John Cusack no filme
Morgan Lily e John Cusack no filme "2012" (2009), de Roland Emmerich

Hollywood sempre adorou uma catástrofe natural, aliás, nem precisa ser tão natural –a ação do homem também vale. A ideia aqui não é o roteiro ser inteligente, mas sim o quanto a produção consegue ser realista na hora da destruição em larga escala. Neste sentido as "cli-fi" têm o efeito de um ataque extraterrestre contra o planeta.

Com bilheterias interessantes, mas não impressionantes, este simpático subgênero parecia adormecido. Só parecia. Tão rápido quanto a queda da chuva, ele despertou em "Tempestade: Planeta em Fúria", que estreia no Brasil nesta quinta (19).

Aqui, o trailer já avisa que "a tecnologia que controla o clima, controlará o mundo". Bela frase de efeito que antecede tufões, furacões e inundações enquanto o mundo depende de Gerard Butler.

Assista ao trailer

tempestade

Bem antes disso, em 1998, em "Impacto Profundo", um cometa está em rota de colisão com a Terra e um grupo de astronautas é enviado ao espaço para tentar destruir a ameaça. A ação é só parcialmente bem-sucedida; o fim da raça humana fica para outra hora, mas o estrago chega em ondas gigantes que deixam várias cidades submersas (spoiler de duas décadas).

Já em "O Dia Depois de Amanhã" (2004), os efeitos climáticos do derretimento das calotas polares dá uma bela acelerada, bem ao gosto do diretor Roland Emmerich (de "Independence Day").

O mocinho Dennis Quaid até tenta avisar o presidente americano do perigo, mas ninguém escuta. Resultado: cenas incríveis de um tsunami invadindo Manhattan.

O filme ainda guarda uma piada geopolítica. Com a inundação de países ao norte, quem está mais perto da linha do Equador se deu bem. Assim, uma horda de americanos tenta desesperadamente invadir o México. Trump deve ter se divertido.

Em "2012" (exibido em 2009) quem previu o perigo, mas ninguém deu bola, foi o calendário Maia.

Na trama, uma série de desastres naturais, incluindo terremotos, maremotos e outros "otos", acontecem em diferentes partes do mundo –Hollywood entendia a bilheteria global e incluiu até o Cristo Redentor entre os monumentos atingidos. Enquanto tudo está indo para a cucuia, John Cusack tenta salvar a família (não a carreira).

Aqui, no entanto, as autoridades estavam preparadas. Antes que o mundo acabasse em água, grandes embarcações tecnológicas (arcas) estavam sendo construídas para salvar a parte "mais inteligente da humanidade", além dos políticos e dos milionários que compraram entrada no barco. Cusack não era nada disso, mas era charmoso. Quem assina o filme? Sim, ele, Roland Emmerich.

Enquanto isso, Al Gore leva ao mundo a palavra da tragédia climática no documentário "Uma Verdade Inconveniente" (1 e 2) –sem efeitos especiais, tende a naufragar.


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