Folha de S. Paulo


Comédia usa palavrões para tentar fazer rir no Festival do Rio

Divulgação
Marcelo Valle, Fabiula Nascimento, Silvio Guindane e Deborah Lamm em cena do filme
Marcelo Valle, Fabiula Nascimento, Silvio Guindane e Deborah Lamm em cena do filme

Alguém ainda precisa explicar a fissura que as comédias brasileiras têm por calcar todas as suas piadas no uso de palavrões, como se o simples fato de um personagem encher a boca para disparar um "cu" ou um "porra" fosse algo, em si, muito engraçado. É fato, porém, que o público responde com gargalhadas, vai entender.

Concorrente ao prêmio de melhor filme do Festival do Rio, a comédia "Como É Cruel Viver Assim", de Julia Rezende, assume essa linha. O encontro entre quatro suburbanos mequetrefes —vividos por Marcelo Valle, Fabiula Nascimento, Silvio Guindane e Deborah Lamm— é o mote para que eles se esforcem por fazer rir por meio de piadas com palavras chulas.

Os quatro arquitetam um plano que julgam infalível. Querem sequestrar um milionário e pedir o dinheiro do resgate. Acontece que nenhum deles é bandido, o que abre brecha para que a trama faça humor com cenas em que eles aparecem treinando uma abordagem, preparando o cativeiro e discutindo se usar um GPS tira ou não a seriedade da empreitada criminosa.

Algumas piadas resultaram em risadas na sessão de estreia do filme na mostra carioca. Outras, mesmo numa sala repleta de convidados da equipe do longa, foram recebidas com silêncio, como a cena em que um dos personagens bate na própria mãe.

O roteiro é do humorista Fernando Ceylão, que também escreveu a trama de "É Fada!", filme que tem a youtuber Kéfera como uma fada-madrinha desbocada.

"Como É Cruel Viver Assim" é o quinto longa dirigido por Julia Rezende e produzido por sua mãe, a carioca Mariza Leão.

Diretora das comédias "Meu Passado me Condena" e "Meu Passado me Condena 2", Rezende apresentou seu novo filme citando o momento de crise política e econômica no país e afirmando que o longa e seus "personagens fracassados" é um "retrato da falta de perspectivas".

O jornalista GUILHERME GENESTRETI viajou a convite do Festival do Rio


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