Folha de S. Paulo


Morre aos 60 anos o estilista Hervé Léger, criador do vestido bandage

Gérard Julien - 18.out.1995/AFP
O estilista francês Hervé Léger, criador do vestido bandage
O estilista francês Hervé Léger, criador do vestido bandage, durante desfile em 1995

Foi anunciada na manhã desta sexta (6) a morte, aos 60 anos, do estilista francês Hervé Léger. A Federação da Alta-Costura e da Moda de Paris não divulgou a causa oficial da morte do designer, nascido Hervé Peugnet, mas a imprensa francesa noticiou que ele teria sido vítima de um aneurisma cerebral.

Sucesso comercial nos anos 1990, quando caiu nas graças de supermodelos e atrizes de Hollywood, Léger é criador do "vestido bandagem", peça costurada justa ao corpo e composta por várias tiras de tecidos.

Esteta da alta-costura e um dos mais técnicos de sua geração, ele nasceu em Bapaume, região no norte da França, e trabalhou nas equipes de estilo de marcas como Fendi e Chanel, antes de abrir sua etiqueta homônima em 1985.

O estilista Karl Lagerfeld teria sido um conselheiro de Léger na época do lançamento da grife. No auge das vendas, o Léger disse em entrevista que estava confeccionando quase 200 vestidos de alta-costura por ano.

MUDANÇA DE NOME

Após vender sua marca para o grupo BCBG Max Azria, ele perdeu o direito de usar o nome e passou a desenhar usando o sobrenome Leroux. Entre 2004 e 2006 o designer assumiu a direção criativa da etiqueta Guy Laroche.

Entre as inúmeras clientes famosas do estilista estão as modelos Cindy Crawford, Gisele Bündchen e Dita Von Teese. A socialite Kim Kardashian e a rapper Nicki Minaj já posaram em tapetes vermelhos com versões do "vestido bandagem".

"Muito triste por ter sido obrigada a me despedir desse gênio", escreveu Von Teese em sua conta no Instagram. "Ele fez o vestido mais lindo que destaca a beleza da mulher, em vez de disfarçá-la."

No Brasil, a apresentadora Fernanda Lima usou um "vestido bandagem" dourado do estilista durante um evento realizado na Copa do Mundo, em 2014.

O look causou furor na internet e teve sua imagem cortada na transmissão da televisão iraniana porque as autoridades do país persa teriam considerado o decote impróprio demais.

À sombra do circo fashionista, Léger é hoje considerado uma espécie de pai do "periguetismo", e sua moda é copiada por grifes como a Lanvin, que no último desfile de verão 2018, durante a semana de moda de Paris, colocou na passarela referências ao estilo fundado pelo estilista.

Não haveria curvas voluptuosas na indústria da moda se o designer não tivesse tido a ideia de unir os pontos e encurtar a barra do vestido, abrindo decotes e fendas com as fitas transpassadas pelo corpo. Quanto mais acinturada, mais a peça tinha a marca de Léger.

O estilista também foi alvo de redes de fast-fashion, como a C&A, que, em uma coleção assinada por Kim Kardashian, colocou à venda vários modelos inspirados no "vestido bandagem".

Ainda não foram divulgadas informações sobre velório e enterro.


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