Folha de S. Paulo


CRÍTICA

Única coisa 'Chocante' do filme é a trilha sonora, que não sai da mente

CHOCANTE (regular)
DIREÇÃO Johnny Araújo e Gustavo Bonafé
ELENCO Bruno Garcia, Bruno Mazzeo, Lúcio Mauro Filho, Marcus Majella, Pedro Neschling
PRODUÇÃO Brasil, 2017, 12 anos
QUANDO estreia nesta quinta (5)
Veja salas e horários de exibição

*

Ver alguém caindo é engraçado. Ver alguém se levantando, nem tanto. É em cima do humor de declínio que se constrói "Chocante", uma comédia que reúne Bruno Mazzeo, Marcus Majella e outros nomes fortes do riso nacional no cinema a partir desta quinta (5).

O filme parte da vida atual de ex-integrantes de uma boy band estilo Menudos, o Chocante do título.

Duas décadas após o fim da banda, com uma briga mal-explicada e televisionada em rede nacional, eles se reencontram por causa de um infortúnio e são levados a reatar, não sem antes lavar muito figurino de palco sujo em público.

O auge da carreira está para trás: Clay, o personagem de Majella, é mestre de cerimônias de um supermercado, Téo (Mazzeo) filma casamentos de classe média, Tim (Lucio Mauro Filho) é oftalmologista suburbano e Toni (Bruno Garcia) está no dilema dirigir táxi ou Uber.

O auge físico também é passado: as piadas construídas ao redor do fato dos quarentões não conseguirem mais dançar que nem paquitos não perdem a graça, mesmo repetidas algumas vezes.

Além dos tiozões, entra para a nova formação Rod (Pedro Neschling), um famoso não se sabe exatamente pelo que, mas que acumula centenas de milhares de seguidores no Instagram.

Todos os atores do casting (inclusive a fã histriônica Débora Lamm) são bons cômicos separadamente, e há momentos reservados para cada um brilhar por si só, mas a liga como grupo não se traduz na tela.

Mazzeo repete o tipo de marmanjo estabanado lutando pra ser levado a sério, como visto de "Cilada" (2011) para frente. Lucio Mauro Filho consegue encontrar novidade no papel do homem de família que finge estar contente, mas lá no fundo sonha com o estrelato como uma ex-BBB. Mas, Bruno Garcia é o único a de fato dar vida nova a um personagem: seu motorista bronco é um ogro engraçado como um Shrek de carne, osso e pança.

Os pontos altos são a visão cáustica da cultura pop nacional. Sonia Abrão noticiando a morte de um dos integrantes e um imitador da voz de Gugu Liberato tentando apartar uma briga envolvendo dois integrantes da banda e o Pintinho Amarelinho, no palco do seu programa, são momentos de riso solto.

A única coisa verdadeiramente chocante na hora e meia de filme é a trilha sonora de Plínio Profeta, mais pop do que muito hit dos anos 1990 e que exige uma lavagem cerebral para sair da mente.

*

Assista ao trailer de 'Chocante'

Assista ao trailer de 'Chocante'


Endereço da página:

Links no texto: