Folha de S. Paulo


Titãs mostram no Rock in Rio canção sobre estupro, parte de ópera-rock

Ricardo Borges/Folhapress
Titãs faz show de abertura do palco Mundo na noite deste sábado no sexto dia do Rock in Rio
Titãs faz show de abertura do palco Mundo na noite deste sábado no sexto dia do Rock in Rio

No dia em que o Rock in Rio receberia a banda que criou a mais célebre das óperas-rock —o Who, com sua "Tommy"—, os Titãs aproveitaram seu show de abertura do palco Mundo para lembrar quefarão um projeto deste tipo em 2018 e mostraram três de suas canções inéditas.

A mais bem recebida delas foi "Me Estuprem", de Sérgio Britto e Tony Bellotto, dois dos remanescentes da formação original —o terceiro é Branco Mello. Segundo Britto, a história da ópera-rock incluirá um estupro, e a letra da nova música é narrada do ponto de vista da vítima —ela pede desculpas, de forma irônica, por ter sido atacada. "Me desculpem por eu ser mulher / me estuprem por eu ser só sorrisos", diz um trecho, bem recebido pelo público feminino.

As demais inéditas foram "Doze Flores Amarelas", composição dos três remanescentes e do guitarrista Beto Lee, que realmente parece fazer parte de uma narrativa maior —e soa bem diferente do som típico dos Titãs— e "A Festa", um rock básico com uma letra sobre uma noitada "pra chapar e não se arrepender".

"São raras as vezes que a gente tem a oportunidade de tocar para um público tão grande, e parece que estamos tocando para pouca gente, gente íntima, que entende o que queremos dizer. Obrigado pelo privilégio", disse Britto.

Fora a sequência em que apresentaram as inéditas "de uma ópera rock que vamos lançar em 2018", segundo disse Britto, o que se viu foi o velho repertório roqueiro dos Titãs, mas em versão desidratada —cada vez menor em termos de membros-fundadores, a banda não encontrou soluções para preencher de som canções cujas versões originais estão na memória da plateia.

Na configuração atual, Branco Mello e Sérgio Britto alternam-se nos vocais e no baixo (o segundo também toca teclado), enquanto Tony Bellotto segue na guitarra; completam a banda Beto Lee na guitarra e Mario Fabre na bateria. Bons músicos, mas sem a potência que a formação com oito integrantes trazia.

Como de praxe, o show também teve espaço para manifestações políticas —muitas canções dos Titãs já dispensam discurso adicional ("Lugar Nenhum", "Polícia" etc.), mas Britto aproveitou para reforçar a contemporaneidade de letras como a de "Desordem". "Essa é de 1987, mas poderia ter sido escrita na semana passada", disse ele.

Após o momento de cantoria coletiva com a balada "Epitáfio" —que Britto dedicou à paz—, o show foi encerrado com uma sequência mais elétrica, com "Flores", "Polícia", "Bichos Escrotos" e "Vossa Excelência".


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