Folha de S. Paulo


Ruidosos, Ney Matogrosso e Nação Zumbi fazem público tirar o pé do chão

Zanone Fraissat/Folhapress
Jorge Dü Peixe, da Nação Zumbi, e Ney Matogrosso no Rock in Rio
Jorge Dü Peixe, da Nação Zumbi, e Ney Matogrosso no Rock in Rio

No dia que abriu a segunda etapa do Rock in Rio, Alice Cooper divertiu, mas não tirou ninguém do chão. Essa também não foi uma qualidade marcante no show da banda Aerosmith.

Entre as atrações mais populares do segundo dia, foi Ney Matogrosso, combinado com Nação Zumbi, nesta sexta (22), quem primeiramente levou o público a pular com euforia, mais precisamente na versão que a formação fez de "Maracatu Atômico", versão da da banda pernambucana para a canção de Gilberto Gil.

Somar Ney com ícones do manguebeat teve um efeito ruidoso que agradou. Não é comum no repertório do cantor tanta sujeira e distorção instrumental ao fundo, com sons de guitarras estourados. Jorge Dü Peixe, vocalista do grupo, é que ficou devendo uma requebrada de quadril como contrapartida.

Juntos, eles apostaram em um show de memórias afetivas, incluindo imagens de arquivo ao fundo, como a colagem de vídeos de Chico Science (1966-1997), integrante da Nação Zumbi até sua morte em um acidente de carro. "Ele está por aqui", disse Ney, sugerindo a presença espiritual do artista.

O primeiro discurso marcante da sessão veio de Dü Peixe e foi contra a fome –só mais adiante o público o estimularia e dizer um sonoro "fora, Temer"–, e então eles cantaram "Tem Gente com Fome", letra de Solano Trindade e música de João Ricardo, gravado por Ney nos anos 1970.

"Sangue Latino", terceira incidência da banda Secos & Molhados no repertório (após "Mulher Barriguda") foi entoado em coro pelo público e terminou em uma apoteose de guitarras e bateria. Ney esboçou uma menção à famosa corografia "A Morte do Cisne" com os braços. O rebolado veio de verdade em uma versão rock de "Refazenda", de Gilberto Gil.


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