Folha de S. Paulo


Chef é barrada por fiscais e tem prejuízo de R$ 200 mil no Rock in Rio

Reprodução/Facebook
Queijos da chef Roberta Sudbrack que foram barrados pela Vigilância Sanitária no Rock in Rio
Queijos da chef Roberta Sudbrack que foram barrados pela Vigilância Sanitária no Rock in Rio

Uma ação da Vigilância Sanitária impediu que a chef Roberta Sudbrack comercializasse cerca de 160 kg de linguiças e queijos artesanais em seu estande no Rock in Rio.

Os alimentos eram provenientes de pequenos produtores que não possuíam o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF), chancela obrigatória para a comercialização de ingredientes de origem animal.

O episódio ocorreu na noite desta sexta-feira (15) e veio à tona após a chef manifestar sua indignação em um post nas redes sociais.

"Os fiscais invadiram meu estande e entenderam que não era um produto que poderia ser comercializado. Até aí tudo bem, mas pedi para que 160 kg de comida de boa qualidade, comida que já vendi no meu restaurante, não fossem jogados fora", disse. Segundo a chef, os fiscais arrancaram as embalagens e jogaram os alimentos no lixo, inviabilizando o consumo.

Sudbrack afirma que preencheu uma ficha técnica de procedência dos produtos e os submeteu para a análise do setor alimentício do Rock in Rio, que deu o aval para a venda. "Inclusive nos elogiaram", disse.

"Eu já gastei mais de R$ 200 mil para participar, contratar pessoas para participar de uma operação. Eu não sou louca, não faria uma coisa irresponsável comigo e com a minha empresa em tempos difíceis".

Segundo Sudbrack, poucos produtores conseguem adquirir o selo e o procedimento para consegui-lo não é claro. "Eu trabalho com esses fornecedores há pelo menos 20 anos, eu não acordei semana passada e resolvi usar seus produtos", disse.

A chef, que já foi dona de restaurante com estrela no guia "Michelin" e eleita a melhor da América Latina em 2015, era a principal atração da área gourmet do Rock in Rio.

"Eles me chamaram para fazer um trabalho artesanal, o mesmo que eu faço há 25 anos. Tenho o privilégio de usar o pequeno produtor nacional, que é obvio que não possui todos os selos, mas o produto é de altíssima qualidade", garante.

Em um comunicado, a Vigilância Sanitária confirma que interditou os alimentos por não possuírem o registro para comercialização dentro do município do Rio de Janeiro.

"Já os 850 kg de alimentos encontrados no local de estoque, fica localizado fora da área do evento e que seria usado para abastecer o estande, foram lacrados para impedir a comercialização", diz a nota. Um ofício será encaminhado ao Ministério Público, que definirá o destino dos alimentos.

A chef não foi impedida de participar do evento, desde que seguisse as condições sanitárias estipuladas, mas optou por deixá-lo.

"Não aceitei continuar usando produto industrializado. A ética da gente pede honestidade. A gente não passa por isso só hoje, é uma discussão maior. A voz da gastronomia brasileira é o pequeno produtor."


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