Folha de S. Paulo


Fizemos um musical do tamanho da gente, diz Jorge Fernando sobre 'Vamp'

Quando escreveu a novela "Vamp" (1991-92), o dramaturgo Antonio Calmon queria alcançar um público jovem na faixa das 19h da Globo.

Para a versão musical do folhetim, que estreia nesta sexta-feira (15) em São Paulo após uma temporada no Rio, busca-se os jovens e as crianças de hoje, mas também o espectador da novela.

Tanto é o clima saudosista que a montagem tem nomes que figuraram no original televisivo. Calmon assina a dramaturgia, Jorge Fernando, a direção-geral; e Claudia Ohana e Ney Latorraca retomam seus papéis da cantora de rock Natasha e do conde Vlad.

A trama, reduzida a duas horas de espetáculo, está quase toda lá: a saga de Natasha, que vende a alma ao vampiro Vlad em troca de sucesso na carreira; e segue-se o clima de "chanchada de terror" da novela, mesclando humor a um universo vampiresco.

"Tentamos não descaracterizar a obra e ao mesmo tempo brincar com esse tema", afirma Jorge Fernando.

Divulgação
A atriz Claudia Ohana em cena da novela
A atriz Claudia Ohana em cena da novela "Vamp", de 1991

Ainda assim, há mudanças aqui e ali na história. O fim, por exemplo, é diferente –"para ficar uma coisa especial do musical", conta o diretor-geral. Também foi inserida uma nova personagem, a vampira portuguesa Madrácula (Claudia Netto), mãe de Vlad, que dá lições no filho com tapinhas de tamanco.

As músicas revisitam a trilha sonora da novela, como "Noite Preta" (agora na voz de Ohana e com novos arranhos), "Thriller", de Michael Jackson, "Sympathy for the Devil", dos Rolling Stones, e "Doce Vampiro", de Rita Lee, alternadas a composições originais, de função narrativa.

Uma miniópera, por exemplo, conta a história regressa de Vlad; a música da caçadora de vampiros Penn Taylor (Evelyn Castro) lembra composições da Broadway.

DENTINHOS

Já a cenografia e os efeitos especiais são singelos, usando de projeções e algumas descidas do teto, além de cenas na plateia e do humor de Vlad, que distribui dentinhos de vampiro entre o público.

"É um musical sem pretensões", diz Jorge sobre a produção, autorizada a captar R$ 12,9 milhões via Lei Rouanet.

"No começo, fomos pirando, pirando. Mas ou faríamos algo grande –e seria ótimo se os atores voassem pela plateia ou se, quando eles mordessem, o sangue espirrasse– ou partiríamos para uma coisa do nosso tamanho."

Jorge trabalha na direção com Diego Morais, seu parceiro na novela "Êta Mundo Bom!" e que assumiu a encenação ainda no início dos ensaios, em fevereiro, quando Jorge, 57, sofreu um AVC.

"Na primeira reunião de 'Vamp', levei uma maquete e passei o espetáculo inteiro. A minha mão já estava ali, desde a primeira cena. E fui para casa, começaram a cair as coisas da minha mão e eu me internei", lembra o diretor, que passou a ter reuniões semanais com Diego na cama hospitalar. "O hospital virou um ponto de encontro."

Agora, diz não estar mal, "mas não totalmente reestabelecido. Tem o braço que ainda pega". Mas deve retomar a novela das 19h "Verão 90 Graus", de Izabel de Oliveira e Paula Amaral, que havia sido adiada por conta do AVC.

E tem planos com Calmon de transformar "Vamp" num filme. "É um tema que vai durar muitos milênios, são imortais."

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VAMP, O MUSICAL
QUANDO sex., às 20h30; sáb., às 17h e 21h; dom., às 16h30; até 29/10
ONDE Teatro Sergio Cardoso, r. Rui Barbosa, 153, tel. (11) 3882-8080
QUANTO R$ 80 a R$ 150
CLASSIFICAÇÃO livre


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