Folha de S. Paulo


Com retrospectiva de Philippe Garrel, festival Indie 17 começa nesta quarta

Divulgação
Monica Bellucci e Louis Garrel em cena do filme 'Um Verão Escaldante'(2012), na retrospectiva de Phillipe Garrel
Monica Bellucci e Louis Garrel em cena do filme 'Um Verão Escaldante'(2012), de Phillipe Garrel

Com o Indie 17 se abre a temporada de festivais internacionais, que terá sequência com o Festival do Rio e a Mostra de São Paulo. O Indie é mais modesto: trará apenas 16 novos filmes, o que não significa que seja, no conjunto, menos relevante.

Logo de cara vem "Na Praia à Noite Sozinha", obra de um dos mais relevantes diretores de cinema da atualidade, o coreano Hong Sang-soo. A seu lado chegam "Antes que Tudo Desapareça", do japonês Kiyoshi Kurosawa, e "Colo", de Teresa Villaverde, nomes conhecidos do circuito de festivais, e "Western", da alemã Valeska Grisebach.

Divulgação
Cena do filme 'Antes que Tudo Desapareça', do japonês Kiyoshi Kurosawa
Cena do filme 'Antes que Tudo Desapareça', do japonês Kiyoshi Kurosawa

Alguns trabalhos menos conhecidos, ou de jovens diretores, chamam a atenção, como o francês "O Parque", filme do ano passado de Damien Manivel, que recebeu ótimas críticas em seu país.

Ou ainda "Spell Reel", que chega da Guiné-Bissau e relata o encontro, em 1911, de uma caixa com negativos em estado deplorável do filme que marcaria o nascimento do cinema no jovem país africano. "Spell Reel" surge da justaposição de imagens da época e das feitas recentemente.

Daí por diante entramos no território das chamadas "apostas": filmes de autores com reputação ainda em formação. Deficiência grave: nenhum filme brasileiro está presente.

RETROSPECTIVAS

É na parte histórica, por assim dizer, que o Indie 17 se afirma melhor: uma retrospectiva de Philippe Garrel.

Com 22 de seus filmes, pode não ser uma retrospectiva completa, mas é certamente bem representativa do trabalho do cineasta francês, começando pelo curta "Os Jovens Desajustados" (1964), que marca o início de uma trajetória experimental (bastante influenciada por Jean-Luc Godard), até sua adesão à narratividade intimista que marca a maior parte de seu trabalho posterior a 1980.

Mais atenção ainda chama a série dita "Clássica" do festival, que propõe o reencontro com cinco filmes de peso, quase todos restaurados há pouco.

A seleção inclui "Acossado" (1960), de Godard, "A Bela da Tarde" (1967), de Luis Buñuel, "Cidade dos Sonhos" (2001), de David Lynch, "A Primeira Noite de um Homem" (1967), de Mike Nichols, e "Stromboli" (1950), de Roberto Rossellini.

Divulgação
Cena do filme 'A Primeira Noite de um Homem' (1967)
Cena do filme 'A Primeira Noite de um Homem' (1967)

São todos filmes de revisão obrigatória, que, no entanto, denotam dois problemas que o festival traz a nós.

O primeiro é a importância crescente que o restauro adquire no mundo (com exceção, parece, do Brasil). O segundo diz respeito ao caráter do festival: apesar de Hong Sang-soo e Kiyoshi Kurosawa, tudo ali se baseia numa perspectiva centrada nos Estados Unidos e na Europa.

*

INDIE SP
QUANDO de 13 a 20 de setembro
ONDE CineSesc (r. Augusta, 2.075) e Espaço Itaú (r. Augusta, 1.470 - anexo)
QUANTO de R$ 3,50 a R$ 20
PROGRAMAÇÃO indiefestival.com.br


Endereço da página:

Links no texto: