Folha de S. Paulo


Com rock e reggae, camerata de Florianópolis triplica o público

Felipe Aguillar/Divulgação
OF Croaácia
Apresentação da camerata de Florianópolis neste ano na orla da capital catarinense

A camerata de Florianópolis triplicou seu público ao mudar o repertório e o palco. Deixou o teatro em que costumava se apresentar para fazer dois concertos gratuitos à beira-mar. No primeiro, tocou reggae. No segundo, rock.

Os espetáculos reuniram, respectivamente, 25 mil e 30 mil pessoas, dizem o maestro Jeferson Della Rocca, 48, e a prefeitura. Esses concertos de fevereiro renderam à camerata, criada em 1994, os maiores públicos de sua história.

Para comparar, apresentações gratuitas e ao livre com repertório erudito não atraem mais que 10.000 pessoas.

Rock e reggae são estilos musicais apreciados na capital catarinense. Ambos ganharam destaque no repertório da camerata e têm ajudado a orquestra a ampliar o número de shows e de público.

Em 2008, quando teve início o "Rock´n Camerata", que mais atrai plateia, o grupo fez 35 apresentações, incluindo peças populares e eruditas, com 50 mil pessoas, ao todo.

Em 2017, quando o concerto de rock completa nove anos, a camerata espera fazer 83 shows, populares e eruditos, com público total de 170 mil pessoas. No primeiro semestre do ano foram realizados 43 espetáculos, com público total de 110 mil pessoas.

As peças populares são apresentadas paralelamente às temporadas de concertos clássicos, iniciadas em 1994.

O concerto de rock tem clássicos como Beatles, Led Zeppelin, Rolling Stones, Pink Floyd, Iron Maiden e Black Sabbath. Mistura instrumentos como guitarra e flauta doce e ópera e canto popular.

A releitura da orquestra transforma clássicos. Em "Satisfaction", dos Rolling Stones, em meio à tocada forte de guitarra há citação da ária "Rainha da Noite", da ópera "A Flauta Mágica", de Mozart (1756-1791).

Músico da orquestra, o violoncelista Daniel Galvão, 39, também canta no espetáculo. Ele já foi guitarrista e vocalista de banda de rock. No concerto, ele deixa o violoncelo e canta AC/DC. "Fazemos um barulho forte: tem duas guitarras, contrabaixo, bumbo sinfônico, duas baterias tocando junto, tímpano", diz.

O reggae foi acrescentado ao repertório de concertos da camerata em 2016. O espetáculo "Marley in Camerata", com foco em Bob Marley (1945-1981) é um dos mais aguardados da temporada. A estrutura original das canções é mantida. Mas acrescenta-se aos tradicionais bumbo, baixo e percussão do reggae arranjos com instrumentos de corda.

A mistura de erudito e popular não é algo inédito entre orquestras brasileiras. No caso da camerata de Florianópolis, a junção está prevista em seu estatuto. A aproximação com a música popular começou com o chorinho, nos anos 1990.


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